Altamira Valadares teve grande destaque durante a Segunda Guerra, mas seu legado vai muito além de sua atuação no conflito
Ingredi Brunato, sob supervisão de Pamela Malva Publicado em 22/11/2021, às 21h00 - Atualizado em 25/02/2022, às 15h42
O Brasil se juntou à Segunda Guerra Mundial na metade de 1944. Até então, o país se mantinha neutro no conflito. Como outras nações, nosso território não apenas enviou soldados para os campos de batalha, como também batalhões de enfermeiras para tratarem dos feridos. Elas eram fundamentais para minimizar as baixas do conflito, e em muitas situações arriscavam suas vidas tanto quanto os combatentes.
Uma de nossas heroínas de guerra é conhecida como Capitã Altamira Pereira Valadares. Ela nasceu em Batatais, município de São Paulo, e fez parte do grupo de 73 mulheres treinadas em enfermagem que saíram da cidade para atuar na guerra. Vale comentar que, na época, a profissão era exclusivamente feminina.
Altamira já era uma profissional experiente, tendo exercido a função durante uma década. Ela foi enviada à Itália no mês de julho, juntamente com a Primeira Divisão Brasileira. Era uma das "febianas", apelido dado às enfermeiras que se voluntariaram para entrar na Força Expedicionária Brasileira (FEB).
Conforme documentado pelo site Nova Escola, o órgão enviou um exército de 25 mil brasileiros para o país. Lá, eles se juntaram aos combatentes norte-americanos para lutar contra os alemães, que haviam dominado parte do país. Foi graças à atuação dessas tropas que o território italiano foi libertado das mãos do inimigo.
“Para ir à Segunda Guerra Mundial, o Brasil levou soldados e tinha que enviar um grupo médico junto. Todas as enfermeiras que foram eram voluntarias. E elas tinham de realizar treinamento militar para saber se virar no campo de batalha”, explicou Alessandra Baltazar, uma pesquisadora do Centro de Documentação de Batatais, de acordo com o que foi repercutido por uma matéria de 2019 do site Revide.
As profissionais de saúde atuando no conflito precisavam frequentemente levar os feridos para um local seguro enquanto o combate ainda ocorria (caso contrário, podia ser tarde demais para socorrê-los). Assim, tinham que ser capazes de carregar os soldados e suas armas, tudo em meio ao fogo cruzado.
A Capitã Altamira Valadares, além de ter salvado a vida de inúmeros militares brasileiros, também fazia curativos nos feridos alemães quando encontrava com eles. Sua função ali, afinal, era proteger vidas, mesmo que elas pertencessem às linhas inimigas.
Os períodos de paz guardam seus próprios conflitos, e não foi diferente no pós-guerra em território brasileiro. Ainda de acordo com informações do site Revide, houve uma grande desorganização por parte do governo do nosso país.
Os militares que arriscaram suas vidas no campo de batalha, após voltarem para casa, não foram atendidos por programas de assistência social ou qualquer forma de auxílio para reintegrarem-se na sociedade. Muitos soldados, inclusive, foram subitamente desligados das forças armadas brasileiras após 1945.
Nesse contexto, Altamira mais uma vez se destacou. Ela não desistiu de lutar pelo reconhecimento que lhe era devido, e, em 1949, recuperou seu título de capitã, além de receber condecorações que simbolizavam o que havia feito pelo país, tais como a "Medalha de Guerra" e a "Medalha de Campanha do Exército Brasileiro".
A enfermeira paulista ainda foi responsável por uma grande contribuição para a comunidade de sua cidade natal: ela usou seu próprio dinheiro para colaborar na criação do Centro de Documentação de Batatais, uma instituição criada com o objetivo de eternizar a memória dos combatentes da Segunda Guerra e das Febianas.
Ela deu uma série de palestras ao longo dos anos falando sobre suas experiências com o conflito em solo italiano. Vale destacar que Valadares, que morreu em 2004, aos 94 anos de idade, se dedicou a uma série de outros projetos semelhantes ao longo da vida. Um desses, inclusive, é o livro que escreveu a respeito das 73 mulheres que compunham o batalhão de enfermeiras de Batatais.
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