Criado pelo escritor britânico Shaun Usher, o Letters of Notes compila uma infinidade de escritos do passado
André Nogueira Publicado em 16/08/2019, às 07h00
Imagine ter acesso a cartas pessoais de figuras históricas como Adolf Hitler, Virginia Woolf, Mahatma Gandhi e Fidel Castro, ou mesmo conhecer as cartas de um cowboy desconhecido a um antigo amigo, em que ele fala: “Eu não estou gostando de você”.
Esse acesso é importantíssimo para aqueles que gostam de história, pois é o contato gratuito e instigante com diversos documentos do passado que podem gerar ideias para pesquisas futuras. Para saber mais sobre o uso de cartas na História, clique aqui!
Com o intuito de permitir esse contato, desde 2009 o escritor e autor britânico Shaun Usher edita uma plataforma digital de divulgação de cartas, cartões-postais, memorandos, documentos, bilhetes, mensagens e telegramas de várias épocas, chamada Letters of Note.
O site é um compilado de documentos acompanhados de introdução que contextualiza e identifica os envolvidos em cada troca de mensagens. Há a transcrição, por exemplo, de uma série de cartas escritas entre os esportistas Luz Long, da Alemanha, e Jesse Owens, dos EUA.
Os dois se conheceram nas famosas Olimpíadas de Berlim, em que o então líder alemão Adolf Hitler tentava usar o evento em sua campanha de disseminação da ideologia da superioridade da raça ariana, trazendo os mais competentes desportistas brancos para representar a Alemanha, entre eles, Long.
Porém, e é famosa essa história, o grande destaque das Olimpíadas foi o sucesso estadunidense do atletismo Jesse Owens, homem negro. Owens ganhou a medalha de ouro nas competições de 100m, 200m, salto em distância e 4 x 100m.
Long, que não era muito adepto às políticas de segregação e discriminação de seu presidente, conversou com Owens durante as Olimpíadas, trocou dicas com o atleta e o parabenizou publicamente pelo seu sucesso desportivo.
Depois do evento, os dois mantiveram contato por correio. As cartas falam de coisas desde a situação da família do alemão, memórias dos jogos de Berlim e até a relação de Long com Deus. Interessantíssimo também como o alemão assina: “Seu irmão, Luz”.
Outra carta bastante curiosa do arquivo já tem mais de 2.000 anos. Trata-se de um documento encontrado no sítio de Ur (Mesopotâmia, atualmente Iraque) presente no Museu Britânico e que foi traduzido direto do texto em cuneiforme.
A carta é uma reclamação de um homem bastante nervoso chamado Nanni a um comerciante de cobre da Babilônia chamado Ea-nasir. Na carta, Nanni deixa bem claro sua decepção com os serviços do comerciante e sua insatisfação com o produto recebido. O cliente reclama do preço e da qualidade do material — e declara que não irá aceitar mais esse tipo de serviço.
Também é possível acessar uma carta escrita pelo líder indiano Mahatma Gandhi para ninguém mais, ninguém menos, que Adolf Hitler. Ela foi escrita em 1939, pouco tempo depois da invasão orquestrada pelo primeiro ministro alemão à Tchecoslováquia.
Na carta, Gandhi clama que Hitler, o homem mais poderoso da Europa daquela época, evitasse que o continente entrasse novamente em guerra, “em nome da humanidade”.
Poucos meses depois, Hitler daria inicio à Segunda Guerra Mundial ao invadir o território da Polônia. Gandhi trata o ditador alemão como “meu amigo” e “herr (senhor, em alemão) Hitler”. O apelo de Gandhi era sincero e clamava pela paz na Europa.
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