O controverso fabricante de estrelas alavancou a carreira do ator Rock Hudson
Redação Publicado em 27/05/2020, às 10h50
Apesar de seu charme, o ator Rock Hudson, galã nos anos 1950 e 1960, não ganhou fama de uma hora para outra, mas sim com a ajuda do agente de talentos Henry Willson. Um homem poderoso e muito controverso, o fabricante de estrelas é retratado pela série Hollywood, da Netflix.
Interpretado pelo ator Ryan Murphy no seriado, o caça talentos era um predador sexual, escondido pelas cortinas dos palcos e holofotes do cinema. Sobre esse personagem atormentado, Murphy comentou à Vanity Fair que o agente hollywoodiano era além de tudo um homem louco, alcóolatra e envolvido na máfia.
"Ele colocava sujeira em todo mundo que ele transformava em arma", disse. "Encontrava esses jovens os quais quase todos vinham de situações horríveis em casa - com casamentos desfeitos e pais ausentes - e os aceitava como clientes ... Ele era um homem gay atormentado que atacava homens homossexuais atormentados".
Portfólio de estrelas
Willson tinha sua própria agência de talentos, onde alavancava as carreiras de vários jovens, muitas vezes coagindo-os a ter relações sexuais em troca de publicidade e filmes. Entre seus clientes de sucesso estavam Guy Madison, Chad Everett, Robert Wagner, Troy Donahue, Rory Calhoun e Tab Hunter.
Willson conduziu o último ao estrelato visto que o rapaz tinha a característica típica de quase todos seus clientes: ele era gay. Art Gelien (nome de batismo de Tab Hunter) se tornou facilmente um ídolo adolescente com o auxílio do mentor de Hollywood.
O ator tinha uma personalidade sintética e estavam em falta bons papéis no cinema, mas mesmo assim acabou recebendo mais de 60 mil correspondências de fãs apaixonados - principalmente mulheres, só no ano de 1956.
Um cliente emblemático
Rock Hudson foi o cliente mais proeminente de Henry Willson. Isso pois ele se encaixava perfeitamente no modelo do mentor de mídia, que tinha preferência por homens bonitos, jovens e que tinham algum trauma - no caso, Hudson fora abandonado pelo pai quando criança, com a mãe se casando novamente com um homem que o rapaz odiava.
Enxergado como um alvo fácil, o ator acabou consequentemente se relacionando com seu mentor e tendo uma carreira de sucesso. No começo, ele era apenas um motorista de caminhão, que sonhava com a indústria cinematográfica. Porém, isso mudou após ele enviar uma foto sua para Willson.
O caça talentos topou agencia-lo e até substituiu o nome de batismo do futuro ator (Roy Harold Scherer Jr.), que passou a ser apelidado de Rock Hudson. Além de criar essa marca, Willson deu uma repaginada no cliente - deu-lhe não só aulas de atuação, como até arrumou seus dentes e comprou-lhe um novo guarda-roupa.
Uma atitude bem polêmica do caça talentos foi descrita pelo biógrafo Robert Hofler. O agente teria treinado Hudson a abandonar seus maneirismos efeminados. Ele batia nos pulsos de seu cliente e o espancava nos quadris sempre que balançavam. E até treinou-o para sentar e fumar de uma maneira mais masculina, instruindo ele a falar em voz baixa.
"Henry Willson deu aos homens heterossexuais a graça e o brilho sociais necessários para brilhar nas melhores suítes executivas de Hollywood, boates e casas de Bel Air", escreveu Hofler em seu livro The Man Who Invented Rock Hudson.
Anulação da sexualidade
Em aparições públicas, Willson sempre trabalhava para esconder a sexualidade dos atores famosos. Em seu primeiro encontro com a imprensa, por exemplo, o agente transformou Hudson em um Oscar em tamanho real para o evento. O ator usou calções masculinos de ouro e apareceu com o corpo pintado.
O treinador de carreira recrutou uma atriz igualmente faminta pela imprensa, Vera-Ellen, para ir como a acompanhante de Hudson, vestindo um biquíni dourado e uma pintura corporal. Era uma tentativa de dar uma fama mais heterossexual a Rock Hudson.
Em nome das aparências, a celebridade até se casou com a secretária Phyllis Gates - Willson coreografou tudo, desde o buquê da noiva até entrevistas. Sem nenhum amor verdadeiro naquela relação, Gates pediu o divórcio após três anos de casamento.
Em 1966, o mentor de mídia começou a perder sua batalha contra o alcoolismo e naquele mesmo ano foi demitido por Hudson. A homossexualidade de Henry Willson havia se tornado pública. Muitos de seus clientes, gays e heterossexuais, se distanciaram dele por medo da enorme homofobia da época. Em 1974, o agente desempregado acabou falecendo de cirrose hepática.
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