Joseph Laroche foi uma das vítimas da desgraça do Titanic, que afundou em 15 de abril 1912, no oceano Atlântico
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 16/02/2023, às 21h00 - Atualizado em 16/11/2023, às 15h44
O RMS Titanic foi um navio de passageiros britânico que, no fatídico dia 15 de abril 1912, afundou no meio do oceano Atlântico após ter atingido um iceberg. O fato se tornou na época, e é até hoje, uma das maiores tragédias marítimas da história da humanidade, tendo resultado na morte de mais de 1.500 pessoas — de um total de 2.223 à bordo, entre passageiros e tripulantes.
Em ruínas, o grande navio serviu de inspiração para uma das produções cinematográficas mais famosas de todos os tempos: 'Titanic', lançado em 1997 e dirigido por James Cameron.
Embora 'Titanic' de Cameron gire em torno da história de romance de Jack Dawson (interpretado por Leonardo DiCaprio) e Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet), dois personagens criados exclusivamente para essa história, alguns dos sobreviventes ficaram famosos depois de serem resgatados; outros, no entanto, não, quiçá aqueles que morreram na tragédia.
Tendo isso em vista, veja a seguir a história de Joseph Laroche, um dos passageiros que morreu no naufrágio do navio, e o único homem negro a bordo do RMS Titanic.
Joseph Laroche era um engenheiro nascido no Haiti e que estudou na França. A bordo do Titanic, o navio que marcou a história com seu fatídico naufrágio, ele viajava para o Haiti — a viagem partiu de Southampton, na Inglaterra, com destino a Nova York, nos Estados Unidos, em 10 de abril daquele ano; o Haiti era uma parada no meio do trajeto — na segunda classe, junto de sua esposa grávida, a francesa Juliette Lafargue, e suas duas filhas.
Porém, conforme descreve 'Black Man on the Titanic: The Story of Joseph Laroche' ("Homem negro no Titanic: a história de Joseph Laroche", em tradução livre) uma biografia escrita por Serge Bile, ele era praticamente uma "anomalia" entre às demais pessoas do navio. Isso por apenas uma razão: em meio a mais de 2 mil pessoas naquele alvoroço, ele era o único passageiro negro a bordo.
Infelizmente, ele teve sua história interrompida muito cedo: logo quando o RMS Titanic começou a afundar, Joseph Laroche colocou sua esposa e filhas em um bote salva-vidas — sim, da mesma forma como retratado no filme, foi assim que alguns passageiros se salvaram — e ficou para trás, para tentar ajudar outras mulheres e crianças a escaparem. Seu corpo, por sua vez, nunca foi encontrado.
Com a fuga do navio, Juliette Lafargue e as duas crianças foram resgatadas e, eventualmente, recomeçaram uma nova vida, infelizmente sem a presença de Joseph. O que se sabe é que os descendentes do haitiano hoje vivem em Chicago, no estado norte-americano de Illinois, de acordo com o USA Today.
Uma parente distante de Laroche, Marjorie Alberts, em entrevista repercutida pelo portal internacional, já fez inclusive uma crítica a James Cameron, diretor do sucesso cinematográfico, sobre o retrato da tragédia do Titanic e o apagamento de diversas histórias, como a do próprio engenheiro haitiano.
Quero que todos saibam que o Titanic estava indo para o Haiti e havia um homem negro a bordo que não era escravo, garçom ou criado", disse ela. "Lembro-me de ver o filme com meu pai em 1997 e fiquei arrepiado. Significa ainda mais agora."
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