Membros do Segundo Reinado - Divulgação/ Arquivo Nacional, via Wikimedia Commons
Brasil

Moda imperial nos trópicos: O vestuário europeu no calor e umidade do Brasil

AH vai até o Segundo Reinado para entender o vestuário em descompasso com o clima do Brasil

Laura Wie (@laura_wie), especialista em História da Moda Publicado em 04/09/2021, às 09h00 - Atualizado em 24/06/2022, às 06h00

As curiosidades em torno da família imperial no Brasil aguçam cada vez mais o nosso interesse, e isso também vale para a moda. Os costumes e o jeito de vestir europeus aportaram com ênfase em nosso país juntamente com a chegada da corte portuguesa em 1808, que trouxe também nobres, membros do clero e parte do exército real, totalizando cerca de 12 mil pessoas que firmaram residência em solo brasileiro.

Dom Pedro I e a imperatriz Leopoldina /Crédito: Divulgação/ Arquivo Nacional, via Wikimedia Commons

 

O resultado da mescla dos novos moradores com os habitantes daqui — incluindo colonizadores e administradores, além de indígenas, escravos, desbravadores e aventureiros — foi a clara dicotomia entre os que tinham "berço" e condições financeiras, vestindo-se com ar aristocrático, e a população mais simples, que usava apenas roupas baratas de algodão.

No podcast “Aventuras Narradas em Moda com História”, nós vamos seguir, a partir de agora, a trajetória das vestimentas em nosso país na nova série ‘A Moda no Brasil’.

No primeiro capítulo, a minha abordagem leva em consideração o vestuário das classes abastadas durante o II Reinado — inspiradas na família imperial que, por sua vez, seguia a tradição das cortes refinadas da Europa. A França já ditava a moda com força desde o século 17, quando começou a promover seus produtores de tecidos e artesãos.

Dom Pedro II e familiares /Crédito: Arquivo Nacional, via Wikimedia Commons

 

Com o passar do tempo, o estilo e cultura franceses foram ganhando cada vez mais projeção, e a sofisticação elaborada de rainhas, imperatrizes e damas das cortes de Versalhes e Paris foi especialmente disseminada entre as mulheres nobres ocidentais. 

Já a Inglaterra começa a dominar a moda masculina a partir das inovações que surgiram com a Revolução Industrial, que de 1750 em diante, desenvolveu a indústria têxtil e aprimorou técnicas de costura e alfaiataria. 

Membros do Segundo Reinado /Crédito: Divulgação/ Arquivo Nacional, via Wikimedia Commons

 

Esta contraposição entre os dois países criou a expressão Moda Parisiense (feminina) e Alfaiataria Londrina (masculina) — justamente os conceitos de vestimentas sóbrias que se destacaram em terras brasileiras durante o Império, apesar do nosso clima tropical. Nada que um bom leque de mão (ou o abanar de um chapéu) não desse conta, afinal era de grande importância para o cidadão manter a "pose" para evidenciar sua classe social.

Saiba mais sobre a moda da época no primeiro episódio da série "A moda no Brasil Império".

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