Elisabeth da Áustria foi assassinada no dia 10 de setembro de 1898 por um anarquista chamado Luigi Lucheni, durante férias em Genebra, Suíça
Luiza Lopes Publicado em 06/12/2024, às 18h00
A série "A Imperatriz", da Netflix, estreou recentemente sua segunda temporada e resgatou o interesse do público pela fascinante e conturbada história de Elisabeth da Áustria – também conhecida como Sissi.
Mesmo com sua trajetória marcante, a imperatriz teve um fim trágico e inesperado: foi assassinada aos 60 anos por um anarquista chamado Luigi Lucheni, enquanto estava em Genebra, Suíça, no dia 10 de setembro de 1898. O livro “Sissi e o último brilho de uma dinastia: Uma breve história não contada dos Habsburgos”, de Paulo Rezzutti e Cláudia Thomé Witte, narra o episódio.
Segundo os autores, a imperatriz viajou apenas com uma dama de companhia, a Condessa Irma Sztáray. Porém, sua chegada acabou noticiada num jornal local, que informava o nome do hotel onde ela se hospedaria.
Lucheni nasceu em Paris em 22 de abril de 1873, filho de uma italiana que o abandonou logo após o nascimento. Criado em orfanatos, ele serviu no exército italiano antes de se mudar para a Suíça, onde trabalhou na construção civil.
Foi nesse período que entrou em contato com grupos anarquistas. Para esses revolucionários, um atentado de grande visibilidade era visto como necessário para inspirar uma série de ações semelhantes, gerando um movimento rumo à igualdade social, conta Rezzutti em entrevista ao Aventuras na História.
O grupo de Lucheni decidiu que seria necessário assassinar um membro da aristocracia para servir de exemplo e impulsionar a revolução. Embora o anarquista tenha dito posteriormente que não tinha como objetivo específico a imperatriz da Áustria, ele pretendia atacar qualquer membro da realeza.
Inicialmente, pensou em assassinar o rei da Itália, mas devido à falta de recursos financeiros, optou por seguir para Genebra, onde pretendia matar o príncipe Henrique de Orléans. Ao chegar à cidade, descobriu que seu alvo havia falecido um ano antes, e foi então informado por um conhecido sobre a presença de Sissi em Genebra, detalha o livro.
Sem recursos para armas mais elaboradas, Lucheni improvisou, utilizando uma lima de marceneiro que afiou em formato triangular. No dia seguinte, ele se posicionou nas proximidades do hotel e aguardou, até avistar as duas damas saindo e seguindo em direção ao cais, onde embarcariam em um barco.
Antes que ela conseguissem embarcar, Lucheni correu em direção às duas damas, que, ao notarem aquele homem se aproximando, se afastaram para deixá-lo passar. Isso obrigou o anarquista a tropeçar para a frente e assim conseguir apunhalar o peito de Sissi. A condessa Sztáray achou que ele tivesse atingido a imperatriz com um soco e não se preocupou enquanto o jovem se afastava, acreditando que tudo aquilo não tivesse passado de uma tentativo de furto malsucedida", narra o livro.
O escritor Edward Morgan Allborough de Burgh explica no livro "Elisabeth: Empress of Austria" ("Elisabeth: Imperatriz da Áustria"), lançado em 1899, que uma testemunha relatou o seguinte cenário:
“A Imperatriz estava caminhando [...] Quando ela estava perto do cais do Quai du Mont Blanc, veio da direção oposta um jovem, acompanhado por outro, que se distinguia por uma espessa barba grisalha. Quando bem perto de Sua Majestade, o primeiro de repente se jogou sobre ela e a esfaqueou no coração. A Imperatriz Elisabeth caiu no chão, mas com a ajuda de sua dama e alguns passageiros que estavam perto, ela conseguiu se levantar novamente, e caminhou até a ponte de desembarque e alcançou o vapor. Mas ela mal havia chegado lá quando pareceu ficar subitamente doente, e com uma voz fraca ela disse: 'O que aconteceu?' e, então, ficou inconsciente".
A autópsia revelou que sua morte foi lenta e relativamente indolor, conta o autor. O porteiro do hotel, que viu a cena, correu atrás de Lucheni e, com ajuda das pessoas que estavam andando pela rua, capturou o anarquista.
Interrogado pela polícia, o rapaz confessou com orgulho o assassinato, afirmando que agira sozinho e que escolhera o alvo simplesmente por pertencer à monarquia, enfatizando que "apenas os que trabalham têm o direito de comer", explica a obra.
Lucheni ainda declarou que estava disposto a se sacrificar pela causa e pediu para ser condenado à morte. No entanto, seu pedido não foi atendido. Em vez de se tornar um mártir por suas ideias, ele foi sentenciado à prisão perpétua em regime de solitária.
Anos depois, em 19 de outubro de 1910, foi encontrado enforcado em sua cela. Segundo o livro, sua morte permanece envolta em mistério: embora as autoridades tenham afirmado que foi um suicídio, há especulações de que tenha sido alvo de um assassinato.
Sua cabeça, preservada em formol, foi enviada à Áustria, onde permaneceu exposta no Instituto Médico Forense de Viena até 1985, sendo retirada da exposição e enterrada em 2000.
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