Um terço das obras de Shakespeare podem ter sido escritas por coautores

Um grupo de pesquisadores da Universidade da Pensilvânia — formado por Alejandro Ribeiro, Santiago Segarra e Mark Eisen — com a ajuda do professor Gabriel Egan, da Universidade De Montfort, sugerem que até um terço das obras do dramaturgo William Shakespeare possam ter sido escritas por coautores. 

Há tempos, especialistas suspeitam que o britânico possa ter colaborado — ou ter sido ajudado — em diversos projetos; mas só agora, com técnicas inovadoras de análise de linguagem, que isso se torna mais concreto. 

Os dados, até o momento,  apontam que trabalhos como ‘Tito Andrônico’ e ‘Péricles, o Príncipe de Tiro’ podem ter tido a ajuda de George Peele e George Wilkins, respectivamente. Já ‘Medida por Medida’ foi adaptado por Thomas Middleton, assim como ‘Macbeth’, explica matéria do Daily Mail.

Por outro lado, os pesquisadores dizem que também é provável que peças atribuídas a outros autores, como ‘Sir Thomas More’, de Anthony Munday e Henry Chettle, e ‘Eduardo III’, tenham sido parcialmente escritas por William Shakespeare.

Detalhes

A análise concentra-se nas impressões digitais linguísticas. Todos os escritores as têm e elas determinam a frequência com que usarão uma palavra, ou até mesmo a chance de ela aparecer ao lado de outras, diz o Metro.

Sendo assim, especialistas descobriram que muitos atos em peças atribuídos exclusivamente a Shakespeare tinham uma maior semelhança com o estilo de escrita de outros autores.

Durante o British Science Festival em Leicester, o professor Gabriel Egan disse que sua análise, ainda não publicada, sugere que Shakespeare pode ter escrito muito mais do que se pensava, mas acrescentou que parte do que se pensava ter sido escrito por ele não foi. Egan aponta que Shakespeare participou de 43 peças, enquanto 14 foram coautores.

Ele é um escritor muito mais sociável do que pensávamos”, aponta. 

“Ele não está pensando muito com aquela cabeça grande e cheia de ideias. Ele é isso, mas também está envolvido com outros escritores. Esse é o ponto-chave, ele deve ter realmente, trabalhando no teatro, lido o trabalho de outras pessoas e, em muitos casos, sentado com eles e dito 'vamos fazer uma peça'.”