Tecido encontrado em tumba na Grécia pode ter pertencido ao lendário rei da Macedônia, mas não há consenso entre historiadores sobre sua origem
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 09/11/2024, às 11h40 - Atualizado às 11h59
Os restos de uma vestimenta encontrados em uma tumba antiga na Grécia podem ser parte de uma túnica usada por Alexandre, o Grande, revelou estudo recente
A vestimenta foi descoberta em uma tumba que muitos estudiosos acreditam ser do pai de Alexandre, Filipe II, localizada junto a outras duas, que supostamente guardam os restos de outros membros da família real de Alexandre.
No entanto, o novo estudo sugere que a tumba não pertence ao pai de Alexandre, mas ao seu meio-irmão, Filipe III Arrideu. A pesquisa também propõe que o tecido de algodão encontrado teria sido parte de uma túnica sagrada usada por Alexandre, que, após sua morte, foi passada a Arrideu e enterrada com ele.
Segundo Antonis Bartsiokas, professor emérito de antropologia física e paleoantropologia da Universidade Demócrito da Trácia e autor do estudo, publicado em 17 de outubro no Journal of Field Archaeology, essa túnica era considerada sagrada e exclusiva de Alexandre, o Grande.
Bartsiokas argumenta que testes realizados por outros estudiosos indicam que a vestimenta encontrada na tumba era um sarapis, ou túnica. Ele também citou registros antigos que mencionam um manto usado pelo rei da Pérsia feita de algodão e huntita, a qual Alexandre, o Grande, teria usado após conquistar a região.
No entanto, acadêmicos consultados pelo portal Live Science tiveram reações variadas em relação ao estudo de Bartsiokas.
Hariclia Brecoulaki, pesquisadora sênior do Instituto de Pesquisa Histórica da Fundação Nacional Helênica de Pesquisa na Grécia, afirmou que não há evidências para apoiar a teoria de que a vestimenta era uma túnica.
Segundo Brecoulaki, "O tecido, segundo os escavadores, parecia mais um pedaço de cachecol usado para envolver os ossos do falecido", como escreveu em um e-mail à Live Science.
Athanasia Kyriakou, diretora do projeto de escavação da Universidade Aristóteles de Tessalônica em Vergina, também criticou o estudo, afirmando que está "cheio de equívocos devido à falta de conhecimento contextual". Kyriakou ainda observou que Bartsiokas não realizou testes diretamente nos materiais, nem os viu pessoalmente.
Alguns acadêmicos, por outro lado, foram mais receptivos ao artigo. Susan Rotroff, professora emérita de clássicos na Universidade de Washington em St. Louis, afirmou que simpatiza com os argumentos de Bartsiokas de que a tumba pertence a Filipe III. "Se o tecido em questão é realmente de algodão, é difícil sustentá-lo como anterior à época de Alexandre, o Grande", comentou Rotroff.
Richard Janko, professor de estudos clássicos na Universidade de Michigan, mostrou-se cautelosamente favorável. "É uma pesquisa muito empolgante", disse Janko à Live Science. "A identificação original do dono do ricamente adornado Túmulo II, em Vergina, com Filipe II, pai de Alexandre, está longe de ser certa."
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