O planeta Urano - Divulgação/NASA
Astronomia

Sobrevoo de sonda em Urano registrou fenômeno magnético raro há 38 anos

Novo estudo aponta que evento incomum registrado na época pode ter levado a interpretações erradas sobre o campo magnético de Urano

Giovanna Gomes Publicado em 12/11/2024, às 14h54

Muito do que se sabe hoje sobre o planeta Urano vem de uma missão da NASA chamada Voyager 2, realizada em 1986. A sonda não tripulada passou cinco dias sobrevoando o terceiro maior planeta do Sistema Solar, que está a uma distância de 2,6 a 3,2 bilhões de quilômetros da Terra. Durante essa breve visita, a Voyager 2 observou um fenômeno peculiar: um evento de vento solar intensificado poucos dias antes de sua chegada, que comprimiu a magnetosfera do planeta.

Segundo um estudo publicado na Nature Astronomy em 11 de novembro, esse evento incomum pode ter levado a interpretações erradas sobre o campo magnético de Urano. Na época, os dados indicavam que a magnetosfera de Urano parecia desprovida de plasma — o quarto estado da matéria, altamente energizado e normalmente encontrado em outras atmosferas planetárias. Em vez disso, foi detectada uma compressão extrema, acompanhada por cinturões intensos de elétrons energizados.

Urano e suas 27 luas / Crédito: Divulgação/NASA

 

Investigando o fenômeno

Para investigar melhor, cientistas revisitaram os dados coletados pela Voyager 2 antes do sobrevoo. “Descobrimos que as condições extremas do vento solar, observadas durante o sobrevoo, ocorrem apenas cerca de 4% do tempo”, disse Jamie Jasinski, físico espacial do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, à Reuters. “O encontro ocorreu durante o pico máximo da intensidade do vento solar em um período de oito meses.”

O campo magnético de um planeta age como uma barreira, protegendo-o de partículas carregadas — o plasma — que fluem do Sol no chamado vento solar, de acordo com o portal Galileu. Durante o evento observado, a magnetosfera de Urano foi comprimida, reduzindo seu volume em aproximadamente 20%. Esse fenômeno extremo também gerou cinturões de elétrons altamente energizados, consequência da energia absorvida do vento solar.

“O sobrevoo foi cheio de surpresas, e estávamos procurando uma explicação para seu comportamento incomum. A magnetosfera medida pela Voyager 2 foi apenas um momento específico”, afirmou Linda Spilker, integrante da equipe da missão Voyager 2, em comunicado. “Este novo trabalho explica algumas das aparentes contradições, e mudará nossa visão de Urano mais uma vez.”

Além disso, os cientistas sugerem que duas das luas de Urano, Titânia e Oberon, possam estar imersas na magnetosfera do planeta e podem apresentar sinais de atividade geológica recente. A fonte destaca que essa nova compreensão abre portas para futuras missões, que poderão explorar potenciais oceanos subterrâneos nessas luas.

+ Confira aqui o estudo completo publicado na Nature Astronomy.

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