Mulheres em meio a enchente no Rio Grande do Sul - Getty Images
Rio Grande do Sul

Segundo estudo, mudança climática tornou chuvas no RS mais intensas

Chuvas se tornam 15% mais intensas com as mudanças climáticas, segundo pesquisa do ClimaMeter, com dados meteorológicos das últimas quatro décadas

Gabriel Marin de Oliveira Publicado em 10/05/2024, às 18h35

Pesquisadores do ClimaMeter, grupo internacional de cientistas, concluíram que as atividades humanas, especialmente a emissão de gases do efeito estufa provenientes da queima de combustíveis fósseis, têm exacerbado a intensidade das chuvas no estado brasileiro do Rio Grande do Sul.

O estudo, realizado por meio de uma análise de atribuição rápida, revelou que as chuvas recentes na região Sul do país foram cerca de 15% mais intensas devido às mudanças climáticas em curso.

O que é o ClimaMeter?

O ClimaMeter, financiado pela União Europeia e pela Agência Francesa de Investigação (CNRS), é conhecido por sua análise imediata dos extremos meteorológicos, proporcionando uma visão climática logo após sua ocorrência.

Liderado por pesquisadores do centro especializado em ciências climáticas da Universidade Paris-Saclay, o grupo tem sido fundamental na compreensão dos impactos das mudanças climáticas em diferentes regiões do mundo.

Para alcançar suas conclusões, os cientistas do ClimaMeter examinaram meticulosamente dados meteorológicos das últimas quatro décadas. Comparando padrões climáticos semelhantes do final do século 20 com observações mais recentes, eles identificaram um aumento significativo na intensidade das depressões atmosféricas, responsáveis pelas chuvas intensas, nos últimos anos.

Embora fenômenos naturais, como o El Niño, tenham sido considerados, os pesquisadores afirmam que o aumento nas chuvas não pode ser atribuído apenas a esses eventos. Davide Faranda, pesquisador do Instituto Pierre-Simon Laplace de Ciências do Clima e um dos autores do estudo, enfatiza que a queima de combustíveis fósseis desempenha um papel crucial na intensificação das inundações, evidenciando uma clara relação entre a atividade humana e os eventos climáticos extremos.

Os impactos

Conforme repercutido pelo G1, os impactos das chuvas intensas na região Sul do Brasil são alarmantes. Dados da Defesa Civil do estado revelam um trágico saldo de 116 mortes, 756 feridos e 143 desaparecidos desde o início dos temporais em abril. Com 437 municípios afetados, cerca de 1,9 milhão de pessoas enfrentam dificuldades decorrentes das enchentes.

Luiza Vargas, uma das autoras do estudo e graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ressalta a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura e planos de contingência para enfrentar eventos climáticos extremos, que tendem a se tornar mais frequentes sob as mudanças climáticas. Ela destaca a importância de proteger comunidades vulneráveis e implementar medidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

+ Os Relatos emocionantes de quem sofre com a enchente no RS.

A mensagem dos pesquisadores é clara: é crucial agir agora para mitigar os impactos das mudanças climáticas, protegendo vidas e garantindo a segurança das comunidades afetadas. Erika Coppola, do Abdus Salam International Centre for Theoretical Physics, enfatiza a necessidade premente de interromper as emissões de combustíveis fósseis para evitar a intensificação de eventos climáticos extremos no futuro.

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