A saudita Salma al-Shehab - Divulgação/democracy now
Twitter

Por ter Twitter, mulher da Arábia Saudita é condenada a 34 anos de cárcere

Salma al-Shehab é estudante de doutorado em universidade britânica foi detida quando voltou ao país natal

Redação Publicado em 17/08/2022, às 10h03

Uma mulher da Arábia Saudita que voltou para seu país natal para passar férias enquanto faz seu doutorado em uma universidade britânica foi condenada a 34 anos de prisão por usar Twitter, o que inclui ter uma conta na rede social e retuitar ativistas.

Salma al-Shehab, de 34 anos, é estudante da Universidade de Leeds, em West Yorkshire, e mãe de dois filhos pequenos. Ela chegou ao Reino Unido em meados de 2018 para fazer seu doutorado, retornando para casa em dezembro de 2020.

Segundo o jornal britânico The Guardian, a saudita pretendia levar o marido e dois filhos de volta à Inglaterra com ela, mas acabou sendo convocada para um interrogatório e posteriormente detida pelos seus tweets.

Ela havia sido inicialmente condenada a três anos de prisão pelo “crime” de usar um site da internet para “causar agitação pública e desestabilizar a segurança civil e nacional”, uma sentença que aumentou para 34 anos de prisão seguidos de uma proibição de viagem de 34 anos após decisão de um tribunal de apelações na segunda-feira, 15.

Há alegações de que Shehab estava “ajudando aqueles que procuram causar distúrbios públicos e desestabilizar a segurança civil e nacional seguindo suas contas no Twitter” e retuitando dissidentes da Arábia Saudita.

Censura a ativistas

É possível que a mulher ainda possa pedir um novo recurso no caso, que vem chocando ativistas não só na Arábia Saudita e Reino Unido, como ao redor do mundo, pela censura ao uso das redes sociais no país. 

A European Saudi Organization for Human Rights (Organização Saudita Europeia para os Direitos Humanos) condenou a decisão do júri, estimando que essa é a mais longa sentença de prisão já aplicada a qualquer ativista.

Ainda de acordo com a organização, muitas ativistas somente foram condenadas somente porque sofreram de julgamentos injustos, cujas consequências foram sentenças arbitrárias e “tortura severa”, incluindo assédio sexual.

No entanto, Shehab não pode nem mesmo ser considerada uma ativista ou líder em causas sociais — tanto no Reino Unido quanto na Arábia Saudita. Em seu perfil no Instagram, ela se descreve como higienista dental, educadora médica, estudante de doutorado na Universidade de Leeds, professora na Universidade Princess Nourah bint Abdulrahman, e como esposa e mãe de seus filhos, Noah e Adam.

No Twitter, onde tinha 2.597 seguidores, publicava fotos de seus filhos e sobre a situação da pandemia de covid-19, por vezes retuitando postagens de dissidentes sauditas que vivem em exílio, ou pedindo a libertação de prisioneiros políticos, além de publicações sobre o caso da feminista saudita Loujain al-Hathloul.


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