Policial trans desconhece a justificativa para PM avaliar sua 'capacidade moral e profissional'

A Polícia Militar de Santa Catarina abriu um procedimento para avaliar a "capacidade moral e profissional" de uma policial trans, a major Lumen Müller Lohn, que passou pela transição de gênero em 2022 e faz parte da corporação desde 1998. O processo aberto pode levar à aposentadoria compulsória ou até expulsão da agente.

Questionada sobre o assunto, a policial afirmou que desconhece a justificativa para que o processo de avaliação tenha sido instaurado. Segundo o g1, ela acredita que isso seja uma medida discriminatória. 

O processo foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) na última segunda-feira, 24. A PMSC afirmou que o processo administrativo foi aberto em dezembro de 2022, sob outra gestão. A avaliação é realizada por três tenentes-coronéis homens que vão "avaliar a capacidade moral e profissional e a convivência" da agente, de acordo com o ato nº 1401/2023 do governo de Santa Catarina.

Policial trans

Lumen é a chefe da Secretaria e Divisão Administrativa na Diretoria de Saúde e Promoção Social (DSPS). Ela disse ao g1 que ainda não foi intimada de maneira formal sobre o andamento do processo.

A policial militar conta que é a primeira oficial travesti da PMSC, mas que já havia uma agente transgênero na corporação. No processo aberto no Diário Oficial do Estado, Lumen é erroneamente tratada com pronomes masculinos.

"O que eu queria era viver minha vida e completar meu tempo de trabalho como qualquer pessoa. Não era para gerar toda essa comoção, era algo que deveria ser corriqueiro. Eu só quero que acabe de uma vez", diz Lumen.