Regina Gonçalves ainda estava em posse de pinturas de Palatnik e Manabu, que também foram levadas por José Marcos Chaves Ribeiro
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 26/11/2024, às 16h00
Ao invadir uma mansão localizada na Rua Capuri, em São Conrado, Zona Sul do Rio, após arrombarem o portão da garagem, equipes da Polícia Civil encontraram móveis e obras de arte fora do lugar, sugerindo que estavam prestes a ser levados.
A operação, batizada de Dama de Ouro, foi deflagrada na manhã desta terça-feira, 26, e visa cumprir um mandado de prisão contra José Marcos Chaves Ribeiro.
Ele é acusado de tentativa de feminicídio, cárcere privado, violência psicológica e furto contra a socialite Regina Gonçalves. Considerado foragido, Ribeiro não foi localizado no endereço.
Na entrada da mansão de 7 mil metros quadrados, distribuída em diferentes níveis, está uma estátua barroca de Nossa Senhora Sant'Ana, datada do século XVII, uma das peças mais queridas por Regina. Contudo, segundo a família, várias obras de arte e objetos de valor foram furtados.
A milionária Regina Gonçalves é conhecida por sua vasta coleção de obras de arte, incluindo peças assinadas por artistas renomados como Di Cavalcanti, Cândido Portinari, Abraham Palatnik e Manabu Mabe.
Segundo João Chamarelli, amigo da família e porta-voz autorizado, a mansão, avaliada em R$ 15 milhões, apresenta cômodos esvaziados.
"Muitas peças da coleção sumiram. Salões inteiros estão vazios, o que antes era repleto de esculturas e quadros. Temos esperança de que sejam recuperadas e retornem ao legítimo direito da dona", afirmou Chamarelli ao Globo.
O imóvel, que acumula mais de R$ 1 milhão em dívidas de impostos atrasados, havia sido ocupado por Ribeiro após decisões judiciais em processos que envolveram Regina e seu ex-motorista.
Ribeiro, que começou a trabalhar para a socialite em 2010, alega ter mantido um relacionamento amoroso com ela desde 2012. Ele possui um documento de união estável registrado em cartório. Contudo, Regina nega a relação e afirma não saber como sua assinatura foi incluída no registro.
A defesa da socialite argumenta que Ribeiro utilizou documentos fraudulentos para obter controle sobre a vida de Regina, incluindo pedidos de curatela e atestados de incapacidade para a idosa tomar decisões.
"Ele foi se apropriando da vida dela aos poucos. Dispensou funcionários, conquistou sua confiança e, com uma diferença de idade significativa entre eles, conseguiu criar uma estrutura jurídica para controlá-la", explicou ao Globo o advogado Marcelo Coelho Pereira.
A Justiça concedeu decisões contraditórias no caso. Enquanto uma desembargadora manteve a tutela provisória de Regina com Ribeiro, outra juíza determinou sua volta ao Edifício Chopin, onde atualmente vive com o sobrinho e restante da família.
A operação da Polícia Civil busca apreender joias, dinheiro em espécie, obras de arte e armas de fogo, além de ordenar a desocupação da mansão. A socialite, que ficou emocionalmente abalada com os anos de conflito, aguarda com esperança a captura de Ribeiro.
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