Vikings foram enterrados usando peles feitas de animais selvagens como doninhas, esquilos e castores
Redação Publicado em 07/08/2022, às 08h00
Os vikings são conhecidos por seus barcos enfeitados, armaduras e machados poderosos, além de estarem sempre cobertos por peles de animais. Entre o século 8 e 11, os guerreiros nórdicos habitavam especialmente a Escandinávia, que hoje compreende a Suécia, a Dinamarca e a Noruega.
Curiosidades sobre esses povos estão sempre sendo decifradas por pesquisas desenvolvidas ao longo dos anos e a mais recente delas, divulgada em 27 de julho, investigou os possíveis motivos pelos quais os vikings vestiam peles de animais.
Na pesquisa, publicada na revista científica PLOS ONE, os arqueólogos investigaram seis túmulos de alto status datados da Era Viking na Dinamarca que continham restos de peles de animais, analisados a partir dois métodos: o de aDNA e o de paleoproteômica.
A partir disso, foi possível identificar as espécies que originaram os tecidos, ainda que nenhum DNA antigo tenha sido recuperado, provavelmente devido a processos de tratamento da época e condições de preservação dos materiais.
As duas técnicas analíticas, no entanto, permitiram que a equipe, liderada pela pesquisadora Luise Ørsted Brandt, da Universidade de Copenhague, detectasse proteínas identificáveis nas peles que permitiram recuperar as estruturas, revelando os animais.
“Mostramos que as roupas de pele da Era Viking eram muitas vezes compostas de várias espécies, mostrando fabricação e conhecimento material altamente desenvolvidos”, escreveram os especialistas na pesquisa. “Por exemplo, a pele era produzida a partir de animais selvagens, enquanto o couro era feito de domesticados.”
Segundo a revista Galileu, móveis e acessórios de túmulos eram cobertos por peles de animais domésticos, enquanto as roupas encontradas nos restos mortais dos túmulos eram compostas por peles de bichos da selva, como uma espécie de doninha, esquilo e castor.
“Foram identificados vários exemplares de pele de castor, espécie que não é nativa da Dinamarca e, portanto, indicativa de comércio”, explicaram os cientistas. “Argumentamos que a pele de castor era uma mercadoria de luxo, limitada à elite e usada como um indicador facilmente reconhecível de status social”.
Como o castor não era nativo da Dinamarca, ter uma pele do animal era símbolo de riqueza e status social na comunidade viking, sendo adquirida por meio do comércio e usada para demonstração de poder especialmente no final da Idade do Ferro escandinava tardia.
“Na Era Viking, usar peles exóticas era quase certamente uma declaração visual óbvia de riqueza e status social, semelhante à moda de alta qualidade no mundo de hoje”, acrescentou o estudo.
Embora a pele de animal tenha sido uma “mercadoria chave na Era Viking”, o comércio de peles “tem sido notoriamente difícil de estudar arqueologicamente, pois as peles raramente sobrevivem no registro arqueológico”, ressaltam os arqueólogos.
“Na Dinamarca, as descobertas de peles são raras e as peles em roupas foram limitadas a alguns relatos e não registradas sistematicamente”, lamentaram na pesquisa.
A expectativa dos cientistas é que as identificações mais específicas das peles, com bancos de dados passando cada vez mais a conter informações comparativas de proteínas, possam se tornar possíveis com novas pesquisas desenvolvidas sobre o tema.
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