O ministro Milton Ribeiro - Palácio do Planalto/Wikimedia Commons
Brasil

"Não avalio tão positivamente", diz ministro da Educação sobre Paulo Freire

Milton Ribeiro também teceu comentários sobre a principal obra freiriana ‘Pedagogia do Oprimido’

Fabio Previdelli Publicado em 21/10/2021, às 11h56

Durante audiência realizada ontem, 20, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, o ministro da Educação Milton Ribeiro voltou a fazer críticas ao educador Paulo Freire, nomeado Patrono da Educação Brasileira. 

"Vimos a que pé chegou a educação pública brasileira quando abraçou de olhos fechados algumas pedagogias, que eu reputo, e quero ter essa liberdade como educador de avaliar também, posso estar errado, mas não avalio tão positivamente como o senhor”, disse Ribeiro ao deputado Elias Vaz, que cobrou explicações do ministro em razão das críticas anteriores ao educador

“Respeito a trajetória até do educador, mas as evidências mostram que (...) o modelo proposto nos últimos vinte anos foi um desastre em termos de educação brasileira. Essa é minha avaliação", continuou Milton.

Segundo o UOL, Vaz o interrompeu nesta parte e questionou: “O senhor está falando do Paulo Freire? Tem dificuldade de falar o nome dele?”. O ministro então retrucou: "Não convém a gente falar de quem não está presente e não pode se defender. Ele é um grande educador, eu respeito, sempre coloquei isso, mas tenho minha avaliação".

Por fim, Ribeiro ainda criticou a obra ‘Pedagogia do Oprimido’, principal obra freiriana. “O senhor leu o livro dele, 'Pedagogia do oprimido'? (...) Se for o caso eu faço questão de lhe dar de presente este livro. Eu li três vezes, e depois a gente pode conversar. Vale a pena fazer uma avaliação sem cores ideológicas porque eu fiz isso. Antes de assumir o ministério, tive esse cuidado. Por isso que eu falo: respeito, mas falo de acordo com minha convicção".

Apesar de reconhecido, método de Freire nunca foi implantado

Ao contrário do que sugeriu o ministro, a metodologia de Paulo Freire nunca foi implantada, de fato, no Brasil. Conforme explica matéria publicada pela equipe do site do Aventuras na História, em janeiro de 1963, o método desenvolvido por Paulo Freire auxiliou 300 cortadores de cana de Angicos, um pequeno município no Rio Grande do Sul, em um período de 45 dias.

Com o sucesso da implementação, o presidente do Brasil na época, João Goulart, chamou Freire para organizar o Plano Nacional de Alfabetização, que proveria a formação em massa de educadores.

Iniciado em janeiro de 1964, o projeto tinha como objetivo alfabetizar 2 milhões de pessoas em 20.000 círculos de cultura.

No entanto, com o golpe militar em 1º de abril de 1964, esse projeto foi cancelado. Em seu lugar, surgiu o Movimento Brasileiro de Alfabetização, o MOBRAL, uma metodologia distinta da de Paulo Freire.

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