Lucy Letby - Getty Images
Enfermeira

A movimentação no caso da enfermeira britânica condenada por matar bebês

A britânica Lucy Letby foi condenada pelos assassinatos de sete bebês e tentativas de assassinato de outros entre 2015 e 2016

Redação Publicado em 17/12/2024, às 12h00

A equipe jurídica de Lucy Letby, enfermeira britânica condenada por assassinato de bebês sob seus cuidados, anunciou na última segunda-feira, 16, que solicitará ao Tribunal de Apelação a reavaliação de todas as suas condenações, informa o New York Times. O pedido surge após a alteração na opinião do principal especialista da acusação sobre as causas das mortes de três dos recém-nascidos envolvidos no caso.

O caso de Letby, que chocou o Reino Unido, envolve a acusação de ter assassinado sete bebês e tentado matar outros sete em um hospital no norte da Inglaterra entre os anos de 2015 e 2016. A reavaliação da evidência traz à tona questionamentos sobre a validade das condenações, uma vez que especialistas têm apontado para a possibilidade de um erro judicial.

Dewi Evans, pediatra aposentado e principal testemunha da acusação, inicialmente afirmou que três bebês foram mortos após injeções em seus tubos nasogástricos. 

Segundo o advogado de defesa, Evans enviou um novo relatório à polícia meses atrás, revisando sua análise sobre a morte do Bebê C e apresentando declarações contraditórias em relação aos falecimentos dos outros dois bebês. 

Durante uma coletiva de imprensa em Londres, o advogado de defesa, Mark McDonald, destacou a recente mudança na posição de Evans: “Em 26 anos como advogado, nunca vi um especialista mudar de opinião, um ano após as condenações, sobre a causa da morte do que ele disse ao júri. É surpreendente”, disse McDonald.

Possível reabertura

A defesa de Letby argumenta que Evans não é um especialista confiável e que sua mudança de posição afeta diretamente todas as condenações proferidas contra a enfermeira. A defesa espera que o juiz decida pela reabertura do caso no Tribunal de Apelação.

Além disso, dois médicos neonatologistas, Neil Aiton e Svilena Dimitrova, apresentaram uma análise independente dos registros hospitalares e autópsias. Eles chegaram à conclusão de que dois dos bebês falecidos estavam em estado crítico devido a condições médicas identificáveis e não eram casos inexplicáveis como inicialmente alegado.

A declaração dos médicos enfatiza que os bebês não poderiam ser considerados 'saudáveis' ou 'estáveis', e suas mortes não deveriam ser descritas como misteriosas.

“Dois júris e três juízes de tribunais de apelação revisaram uma ampla gama de provas contra Lucy Letby”, destacou um porta-voz do Crown Prosecution Service, o órgão que processou Letby, através de uma declaração. “Ela foi condenada por 15 acusações independentes após dois julgamentos com júri distintos”, acrescentou a acusação. 

Também fora destacado que o Tribunal de Apelação rejeitou outra ação da equipe de Letby que buscava argumentar que as provas periciais levantadas pela acusação seriam judiciais.

O caso

No decorrer dos julgamentos, a acusação apresentou uma narrativa detalhada sobre os atos alegadamente cometidos por Letby em uma unidade neonatal do Hospital Countess of Chester, onde teria causado lesões aos bebês por meio de diversas ações maliciosas.

Letby sempre manteve sua inocência e sustentou que suas ações eram reflexo das deficiências sistêmicas do atendimento no hospital devido à falta crônica de pessoal.

Até agora, Letby foi sentenciada a 15 penas obrigatórias de prisão perpétua, com tentativas anteriores de apelação negadas. Entretanto, uma crescente preocupação entre especialistas sobre a confiabilidade das evidências utilizadas em seu julgamento tem sido notada. A revista New Yorker trouxe à tona críticas sobre o caso e desde então análises estatísticas têm revelado inconsistências nas provas apresentadas.

Um aspecto relevante do processo é o fato de que ninguém presenciou Letby cometer qualquer ato prejudicial. Uma decisão anterior do Tribunal de Apelação sublinhou que o caso se baseava em evidências circunstanciais e depoimentos de especialistas médicos.

Especialistas também levantaram sérias dúvidas sobre a precisão das análises que alegavam envenenamento por insulina e questionaram se os especialistas da acusação conseguiram determinar corretamente as causas das mortes.

Críticas foram direcionadas à apresentação das escalas de trabalho de Letby no tribunal, sugerindo uma interpretação distorcida das evidências relacionadas ao seu suposto envolvimento nas fatalidades na unidade neonatal.

Adicionalmente, o hospital enfrentou críticas quanto à insuficiência no quadro funcional e problemas relacionados ao controle de infecções, questões essas documentadas em um relatório oficial datado de 2016.

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