Fóssil de elefante encontrado na Índia durante análise - Divulgação/Advait Jukar
Paleontologia

Mistério de fósseis de elefantes da Índia é resolvido após duas décadas

Descobertos em 2000 na Índia, fósseis de elefantes com entre 300 e 400 mil anos intrigaram pesquisadores na época; entenda!

Éric Moreira Publicado em 24/10/2024, às 10h23

No ano 2000, foram encontrados próximos ao rio Jhelum, no Vale da Caxemira, na Índia, fósseis de três elefantes antigos ao lado de 87 ferramentas de pedras feitas por hominídeos. Porém, durante mais de 20 anos, a causa da morte dos animais — datados do fim do Pleistoceno Médio, entre 300 mil e 400 mil anos atrás — e o papel dos humanos no cenário foi um mistério; que pode finalmente ter sido solucionado.

As novas conclusões sobre o caso foram publicadas em dois artigos. O primeiro saiu na edição de agosto do periódico Quaternary Science Reviews, e descreve a descoberta de lascas de ossos nas ferramentas, sugerindo que elas teriam servido para golpear aqueles ossos.

Já o segundo artigo, publicado neste mês de outubro no Journal of Vertebrate Paleontology foca nos ossos dos animais, identificando inclusive a espécie ancestral a que pertenciam.

Papel dos humanos

Conforme repercute a Revista Galileu, até hoje apenas um hominídeo extinto foi encontrado em todo o subcontinente indiano, conhecido como "Narmada", em referência a um rio encontrado por lá. Em 1982, uma série de artefatos e ferramentas de pedra referentes a esse grupo humano foram encontrados na região.

Porém, muito se questionou sobre o que esses hominídeos faziam na região, e se caçavam grandes animais como elefantes ou não. "Agora sabemos com certeza, pelo menos no Vale da Caxemira, que esses hominídeos estão comendo elefantes", afirma Advait Jukar, coautor do primeiro estudo, em comunicado.

A partir da análise da composição das ferramentas, foi apontado que elas teriam sido utilizadas no passado para a extração de medula na região do subcontinente indiano, e eram feitas de basalto, uma rocha não originária dali. "Até agora, não tínhamos evidências diretas de humanos se alimentando de animais grandes na Índia", destaca o pesquisador.

Porém, embora esteja claro que esses hominídeos exploravam a carcaça destes grandes animais, ainda não há nenhum sinal direto da caça dos elefantes, como pontas de lança entre seus ossos. Por isso, ainda não é descartada a possibilidade de que os restos do elefante tenham sido apenas encontrados pelos humanos de Narmada, após uma morte por causas naturais.

Crânio de elefante durante escavação em 2000 / Crédito: Divulgação/Advait Jukar

 

Elefantes

No segundo estudo, por sua vez, os fósseis dos elefantes foram analisados mais de perto, e foi constatado que a maioria dos restos eram de um macho adulto da espécie Palaeoloxodon turkmenicus. Entre os ossos, está o que se considera o crânio mais completo já encontrado do gênero em todo o subcontinente indiano.

É destacado no estudo que a espécie é considerada extinta há milhares de anos, e podia chegar até o dobro do peso dos atuais elefantes africanos, os maiores que existem no mundo.

Agora, esta equipe pretende dar continuidade nas pesquisas, focando especialmente nas lascas de ossos quebrados. Tendo em vista que diferentes grupos hominídeos se alimentam de carne há milhões de anos, os pesquisadores acreditam que novas evidências de abate dos animais pelos humanos podem ser descobertas.

Leia também: Crânio de elefante gigante descoberto nos Himalaias intriga cientistas e gera mistério

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