Jack Teixeira - Reprodução/Redes Sociais
Estados Unidos

Militar que vazou segredos do Pentágono é condenado a 15 anos de prisão

Membro da guarda aérea nacional de Massachisetts, Jack Teixeira foi condenado a 15 anos de prisão por vazar documentos "ultrassecretos" no Discord

Éric Moreira Publicado em 13/11/2024, às 08h30

Nesta terça-feira, 12 de novembro, um membro da guarda aérea nacional de Massachusetts, o jovem militar americano Jack Teixeira, de 22 anos, foi condenado a 15 anos de prisão após vazar uma série de documentos militares altamente confidenciais relacionados à guerra na Ucrânia com outros usuários da plataforma de mídia social Discord.

Conforme repercute o The Guardian, Jack Teixeira se declarou culpado ainda no início deste ano, por reter e transmitir intencionalmente informações de defesa nacional. Logo no início da audiência recente, ele se desculpou perante o juiz.

A primeiro momento, os promotores solicitaram uma sentença de 17 anos para o jovem, alegando que ele "perpetrou uma das violações mais significativas e consequentes da Lei de Espionagem na história americana". No entanto, seus advogados de defesa buscaram diminuir a sentença para 11 anos, reconhecendo a "decisão terrível" de seu cliente, mas atestando que ele nunca teve a intenção de "prejudicar os Estados Unidos".

Ainda assim, a violação chamou atenção para a capacidade de o país proteger seus segredos, e forçou o governo a tentar conter consequências diplomáticas e militares. O caso foi motivo de vergonha para o Pentágono — sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos —, que reforçou os controles de proteção de informação confidenciais, e disciplinou membros que falharam em impedir Teixeira.

Ainda na audiência, o procurador-assistente Jared Dolan argumentou que 200 meses de prisão eram apropriados, dado o dano "histórico" causado pelas ações do jovem. Além disso, a punição servirá como mensagem a qualquer membro das forças armadas que considere uma conduta semelhante.

"Será um conto de advertência para os homens e mulheres nas forças armadas dos EUA", disse Dolan durante a audiência. "Eles ouvirão que isso é o que acontece se você quebrar sua promessa, se você trair seu país... Eles saberão o nome do réu. Eles saberão a sentença que o tribunal impõe".

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Entenda o caso

Segundo o The Guardian, Jack Teixeira era parte da 102ª ala de inteligência na base da guarda aérea nacional de Otis, no estado norte-americano de Massachusetts, onde trabalhou como especialista em sistemas de transporte cibernético, responsável por redes de comunicação militares. Agora, de acordo com um oficial da força aérea, ele permanece na guarda aérea nacional, mas sob status não remunerado.

Em março, ele se declarou culpado de seis acusações de retenção e transmissão intencionais de informações de defesa nacional, sob a Lei de Espionagem. Ele coletou alguns dos segredos mais sensíveis do país, e compartilhou com outros usuários do Discord.

Segundo as autoridades, ele primeiro digitou alguns documentos confidenciais que conseguiu acessar, mas eventualmente até mesmo compartilhou fotos de arquivos com marcações secretas e ultrassecretas. Também foi acrescentado pelos promotores que ele tentou cobrir seus rastros antes de ser preso, e que encontraram em sua casa um tablet, um laptop e um console de videogame Xbox destruídos em uma lixeira, em sua casa.

Com os vazamentos, foram expostas avaliações secretas da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, além de detalhes sobre o movimento das tropas ucranianas, bem como do fornecimento de suprimentos e equipamentos para elas. Teixeira também admitiu a publicação de informações sobre os planos de um adversário dos EUA de prejudicar as forças americanas que servem no exterior.

Após ter se declarado culpado, os promotores disseram que buscariam uma sentença no limite superior para o rapaz, mas sua defesa escreveu que 11 anos eram "sérios e adequados para explicar as considerações de dissuasão e seriam essencialmente iguais à metade da vida que Jack viveu até agora".

Além disso, os advogados descreveram Teixeira como sendo um indivíduo autista e isolado, que passava a maior parte de seu tempo online, especialmente em sua comunidade no Discord. Eles também atestam que ele nunca pretendeu "prejudicar os Estados Unidos".

Em vez disso, sua intenção era educar seus amigos sobre eventos mundiais para garantir que eles não fossem enganados por desinformação", defenderam os advogados em memorando. "Para Jack, a guerra na Ucrânia foi a Segunda Guerra Mundial ou o Iraque de sua geração, e ele precisava de alguém para compartilhar a experiência".

Apesar dos argumentos da defesa, os promotores pontuaram que Teixeira não sofre de qualquer deficiência intelectual que o impeça de distinguir o certo e o errado, qualificando o diagnóstico de que ele portaria autismo "leve e de alto funcionamento" como sendo "de relevância questionável nestes procedimentos".

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