Membro da polícia secreta da Alemanha Oriental, Martin Naumann executou um polonês há 50 anos que tentava cruzar fronteira para a Berlim Ocidental
Fabio Previdelli Publicado em 14/03/2024, às 13h49
Ex-oficial da Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental, negou em julgamento nesta quinta-feira, 14, que foi responsável pelo assassinato de um polonês, há 50 anos, que tentava fugir para a parte Ocidental do país através do Muro de Berlim. O caso pode alterar a forma como os assassinatos da era comunista são processados por lá.
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Segundo o The Guardian, Martin Naumann, de 80 anos, se pronunciou apenas para confirmar sua identidade no tribunal de Berlim. Seu advogado negou todas as acusações contra seu cliente. Ele é acusado de assassinar Czesław Kukuczka que tentava atravessar a fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental em 1974.
A demora no julgamento se dá devido ao atraso nos processos judiciais na Alemanha, que vem enfrentando dificuldades para levar antigos funcionários da Alemanha Oriental à justiça por crimes alegadamente cometidos pelo governo comunista — que tentava impedir a fuga de cidadãos para a parte Ocidental do país.
Estima-se que pelo menos 140 pessoas foram mortas ao tentar cruzar o Muro de Berlim entre 1961 e 1989. Até o momento, os guardas de fronteira julgados foram acusados de homicídio culposo — uma acusação de gravidade menor, cujo prazo de prescrição já teria expirado. Mas no caso de Naumann, ele é acusado apenas de homicídio.
Martin Naumann é acusado de atirar de forma fatal em Czesław Kukuczka. O crime aconteceu em 29 de março de 1974, quando o polonês passava pelo posto de controle de fronteira na estação ferroviária de Friedrichstraße — um dos pontos de passagem mais conhecidos da Berlim dividida.
Naquele mesmo dia, recorda o veículo britânico, o polonês havia ido à embaixada polonesa em Berlim Oriental para exigir que fosse deixado seguir para a parte Ocidental da capital. Para isso, Kukuczka chegou a ameaçar detonar um explosivo, que era falso, caso suas exigências não fossem atendidas.
Os detalhes do episódio foram resgatados pelos historiadores Hans-Hermann Hertle e Filip Gańczak, que apontam que funcionários da embaixada polonesa alertaram a polícia secreta alemã sobre o ocorrido.
Funcionários da Stasi teriam levado Czesław a acreditar que sua passagem havia sido permitida, principalmente após lhe entregarem um visto de saída e fornecendo transporte até Friedrichstraße.
Mas, ao invés disso, os oficiais receberam ordens de tornar o polonês "inofensivo" — um eufemismo comumente usado para eliminar opositores políticos, apontam Hertle e Gańczak.
Os procuradores ainda disseram que Kukuczka chegou a ultrapassar dois dos três pontos de controle na fronteira e "pensou ter alcançado seu objetivo" quando foi baleado por Naumann, que estava escondido fora de cena a uma distância de 2 metros.
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