Eleitores negros foram surpreendidos por mensagens de texto ofensivas e segregacionistas que remontam ao período da escravidão
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 09/11/2024, às 09h30
Após a vitória eleitoral de Donald Trump na última terça-feira, diversos relatos de mensagens de texto racistas surgiram nos Estados Unidos, direcionados a pessoas negras.
As mensagens diziam que os destinatários foram "selecionados" para colher algodão e deveriam se apresentar à "plantação mais próxima". Algumas mensagens, assinadas por "apoiadores de Trump", citavam o nome da pessoa que as recebeu, acrescentando um teor pessoal e ofensivo.
Uma porta-voz do então presidente eleito afirmou à CNN que a campanha de Trump não tinha nenhuma relação com essas mensagens de texto. Embora ainda não se saiba quem foi responsável pelo envio das mensagens, o conteúdo foi rapidamente divulgado nas redes sociais, e casos foram relatados em vários estados, incluindo Alabama, Carolina do Sul, Geórgia, Nova York, Nova Jersey, Nevada, e Washington, DC.
As mensagens foram enviadas tanto para adultos quanto para estudantes negros, incluindo alunos de ensino médio em Massachusetts e Nova York, além de estudantes de faculdades e universidades históricas negras (HBCUs), como a Alabama State University, a Clemson University, a University of Alabama e o Missouri State.
Na Pensilvânia, pelo menos seis estudantes do ensino médio receberam as mensagens, conforme apurou a Associated Press.
O FBI e outras autoridades federais estão investigando o caso. "Estamos cientes das mensagens de texto racistas e manifestações que foram enviadas a indivíduos em várias partes do país e estamos em contato com o Departamento de Justiça e outras agências para tratar do assunto", informou o órgão na quinta-feira.
A NAACP, por meio de seu presidente e CEO, Derrick Johnson, condenou o teor dessas mensagens, atribuindo seu aumento ao ambiente de ódio e incentivo à retórica de alguns líderes políticos.
Johnson destacou a gravidade das mensagens, que evocam linguagem e ameaças relacionadas à escravidão e ao racismo institucional. Em sua declaração, ele reforçou que não há espaço para ódio em uma democracia e enfatizou que essas mensagens representam uma tentativa de perpetuar um legado opressor, remontando ao caso Jim Crow na época da segregação.
Ele concluiu expressando que tais ações ameaçam o direito dos americanos negros de viver com liberdade e buscar sua felicidade.
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