A espécie ancestral humana pode ter tido uma percepção diferente de dor em comparação com o sofrimento do homem moderno, que varia bastante
Vanessa Centamori Publicado em 24/07/2020, às 09h25
Pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária fizeram uma descoberta impressionante sobre neandertais, que diz muito sobre nossas vidas modernas. Uma análise dos genomas da espécie ancestral humana explicou porque algumas pessoas sentem mais dor do que outras.
Foram identificadas alterações genéticas presentes em muitos dos neandertais estudados, a fim de perceber quais consequências elas teriam nas sensações dos dias de hoje. Os especialistas então se depararam com um gene que está presente em algumas pessoas, principalmente na América Central e do Sul, mas também da Europa.
Tal gene carrega uma variante neandertal que codifica um canal de íons responsável pela sensação de dor. A percepção dolorosa é mediada por células nervosas, donas do canal iônico especial cuja função é essencial para começar o impulso elétrico que manda o sinal de dor até o cérebro.
Para comprovar essa relação, os pesquisadores coletaram dados populacionais de pessoas do Reino Unido e viram que somente aquelas com a variante neandertal tinham mais dor. Tal variação tinha três aminoácidos diferentes no canal de íons que os homens modernos possuem.
Outra descoberta interessante é que o nível de sofrimento dos neandertais pode ser diferente do nosso. “É difícil dizer se os neandertais experimentaram mais dor, porque a dor também é modulada na medula espinhal e no cérebro”, contou em comunicado, o co-autor do estudo, Svante Pääbo. "Mas este trabalho mostra que seu limiar para iniciar impulsos de dor era menor do que na maioria dos humanos atuais".
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