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Botsuana

Estudo revela por que 350 elefantes foram encontrados mortos em Botsuana

Em 2020, elefantes africanos foram vistos andando em círculos antes de desabarem e caírem mortos; mas o que aconteceu?

Fabio Previdelli Publicado em 25/10/2023, às 09h54

Entre maio e junho de 2020, 350 elefantes foram encontrados mortos no leito do rio Okavango, em Botsuana. Na época, animais de todas as idades e ambos os sexos foram afetados. O que ainda chamou a atenção foi o fato de muitos andarem em círculos antes de desabarem e morrerem repentinamente.

Cerca de dois meses depois, outros 35 elefantes morreram em circunstâncias parecidas no noroeste do Zimbábue. Em setembro daquele ano, conforme repercutido pela equipe do site do Aventuras, o governo de Botsuana atribuiu as mortes a uma cianobactéria produtora de neurotoxinas.

Mas um artigo publicado na revista Nature Communications nesta quarta-feira, 25, esclareceu ainda mais o fatídico episódio. A pesquisa aponta que os óbitos ocorreram devido a uma bactéria pouco conhecida chamada Pasteurella Bisgaard táxon 45, que resultou em septicemia, ou envenenamento do sangue.

O estudo, segundo repercute o The Guardian, aponta que a infecção bacteriana não tinha sido anteriormente associada à morte de elefantes. Os investigadores acreditam que a causa pode ter sido a mesma responsável pelas mortes nos países vizinhos.

"Isto representa uma importante preocupação de conservação para os elefantes na maior metapopulação remanescente desta espécie ameaçada", escreveram os investigadores no artigo, produzido por uma equipe internacional de pesquisadores do Victoria Falls Wildlife Trust, da Universidade de Surrey, de laboratórios na África do Sul e da Agência de Saúde Animal e Vegetal do governo do Reino Unido (APHA).

A população de elefantes

Uma grande preocupação se dá pelo fato da população de elefantes da savana africana diminuir cerca de 8% ao ano — muito em virtude da caça furtiva. Atualmente, estima-se que restem apenas 350.000 elefantes africanos vivos na natureza. Desta forma, o estudo sugere que as doenças infecciosas devem ser acrescentadas à lista de preocupações em relação à espécie.

O Dr. Arnoud van Vliet, da Universidade de Surrey, disse que a infecção "aumenta a lista crescente de ameaças relacionadas com doenças à conservação dos elefantes". Os elefantes são animais altamente sociáveis ​​e provavelmente também estavam estressados ​​devido às condições de seca da época, o que tornou esse surto mais provável.

A bactéria Pasteurella já foi associada à morte súbita de cerca de 200 mil antílopes saiga no Cazaquistão; o que pode ajudar a esclarecer o que aconteceu às manadas de elefantes. Os pesquisadores acreditam que o microrganismo geralmente vive inofensivamente nas amígdalas de alguns, senão de todos, os antílopes.

Mas um aumento incomum de temperatura para 37 °C, entretanto, fez com que a bactéria passasse para a corrente sanguínea, onde causaria a septicemia.

Vale ressaltar que os cientistas não puderam visitar o local na vizinha Botsuana e a maioria das amostras oficiais foram recolhidas de animais que já tinham começado a apodrecer. O artigo afirma que as descobertas de envenenamento do sangue "podem representar um fenômeno contínuo nesta região", com casos anteriores perdidos devido à falta de testes.

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