Registro da base da Tessmannia princeps - Divulgação/Andrea Bianchi
Meio-ambiente

Especialistas descobrem que árvore africana pode viver até 3 mil anos

Embora testes mais precisos com radiocarbono sejam necessários para confirmar essa longevidade, a imponência da espécie já indica sua idade avançada

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 31/03/2025, às 19h35

Durante uma expedição em 2019 nas Montanhas Udzungwa, na Tanzânia, cientistas descobriram uma árvore impressionante, com cerca de 40 metros de altura e, até então, desconhecida nos registros botânicos.

Diferente de qualquer outra espécie já identificada na região, a árvore possuía casca em tons que variavam do cinza ao marrom-claro, folhas cobertas por pelos castanhos e flores de aroma adocicado.

Análises laboratoriais a partir de amostras coletadas confirmaram que se trata de uma nova espécie do gênero Tessmannia sp., grupo que reúne cerca de uma dúzia de plantas nativas da África tropical. Assim, ela fora oficialmente nomeada Tessmannia princeps. A descoberta foi detalhada em um artigo publicado em 20 de março na revista Phytotaxa.

Implicações

Após a confirmação, pesquisadores realizaram um levantamento nas florestas tropicais próximas à árvore original e encontraram aproximadamente 100 vegetais maduros. O mais antigo, segundo estimativas baseadas nos anéis de crescimento de árvores já mortas, pode ter mais de 2.000 anos.

Embora testes mais precisos com radiocarbono sejam necessários para confirmar essa longevidade, a imponência desses exemplares já indica sua idade avançada — algumas raízes se estendem por até 15 metros antes do primeiro galho.

Essas árvores formam uma “ponte ecossistêmica” fundamental entre duas florestas tropicais de 30 milhões de anos na Tanzânia. O corredor verde onde se encontram abriga um projeto de restauração conduzido por uma empresa privada, que busca proteger os fragmentos remanescentes da floresta e, ao mesmo tempo, retirar 5.500 moradores da pobreza.

Localização das árvores ao longo da África Tropical - Bianchi et al.

Sem ações contínuas de conservação, os cientistas alertam que a nova espécie corre sério risco devido à perda de habitat. Atualmente, estima-se que existam apenas mil exemplares de T. princeps, distribuídos em dois vales adjacentes: na Reserva Florestal de Terras da Vila Boma La Mzinga e na Reserva Florestal de Terras da Vila Uluti.

“O histórico da região provavelmente teve um grande impacto na redução do habitat desta espécie”, afirmam os autores do estudo no artigo. “A maior parte das florestas montanhosas ao redor foi desmatada nos últimos 120 anos.”

Ecossistema

Árvores antigas como T. princeps oferecem diversos serviços ecossistêmicos essenciais, como fornecimento de sombra, armazenamento de carbono e habitat para outras espécies.

No entanto, essas árvores estão entre as mais ameaçadas do planeta. Conforme destacou o portal ScienceAlert, as florestas globais não estão apenas diminuindo, mas também se tornando mais jovens — um problema grave para a conservação e para a ciência climática.

Em 2018, o mundo perdeu cerca de 4 milhões de hectares de florestas tropicais antigas, uma área equivalente ao tamanho da Bélgica. Já um estudo de 2023 indicou que 75% das espécies vegetais ainda não descritas correm risco de extinção.

Com base nas atuais classificações de conservação, T. princeps se enquadraria na categoria de espécie “vulnerável”. Embora não seja o pior cenário, especialistas alertam que a situação exige atenção imediata.

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