Imagem ilustrativa de correspondências - Licença Creative Commons via PxHere
Documentos históricos

Cartas confiscadas de navios espanhóis no século 18 são reveladas

Os 4.088 documentos, agora disponibilizados na internet, foram confiscados pelo Reino Unido durante conflitos com a Espanha

Redação Publicado em 23/11/2023, às 15h11

A partir desta sexta-feira, 24, inúmeros documentos históricos do século 18 poderão ser consultados gratuitamente na internet pelo site do Prize Papers Portal. A organização divulgou que, entre os papéis, estão cartas enviadas à América por navios espanhóis capturados pelo Reino Unido. 

Os documentos catalogados foram enviados de 35 mil embarcações, capturadas entre 1652 e 1815. Segundo o Arquivo Nacional Britânico, todas as correspondências serão disponibilizadas no portal até 2037. 

Não sabemos quantos destes navios eram espanhóis. Era o segundo país com mais apreensões depois da França. Devido às muitas disputas com o Reino Unido, 20% desses navios poderiam ser espanhóis, mas isso não pode ser garantido", explicou Oliver Finnegan, pesquisador do Arquivo Nacional, à AFP. 

Um estudo, que se concentrou em 130 embarcações espanholas capturadas pelos britânicos durante a Guerra da Orelha de Jenkins (1739 – 1748) e a Guerra da Sucessão Austríaca (1740 – 1748), analisou o navio “La Ninfa”, levou mais de 100 cartas da Espanha até o México. 

Correspondências

Em uma das cartas, Francisca Muñoz, de Sevilha, na Espanha, questiona o marido, Miguel Atocha, no México, pela falta de notícias. “Gostaria de saber o motivo de ter escrito treze cartas para você e nenhuma ter tido resposta. Gostaria de saber se não há papel, caneta ou tinta para escrever uma”, disse Francisca em uma correspondência que Miguel nunca chegou a ler.

À AFP, Elena Barroso, doutora em Conservação Preventiva de Documentos, que participou do projeto organizado pelo Arquivo Nacional, explicou que a preservação dos documentos permanece um mistério.

“As marinhas pediam aos navios que jogassem tudo na água ou destruíssem quando avistassem o inimigo. Levavam ouro, prata, cacau…”, disse a espanhola.

A carta que li que mais me emocionou é a de um senhor andaluz, de Las Alpujarras, que escreve à sua mãe, anunciando que se tornou sacerdote no Peru e lhe envia a fita que o bispo lhe deu, lamentando que não poderá mais responder à mãe”, concluiu a pesquisadora.

A digitalização dos documentos se deu graças a colaboração entre especialistas dos Arquivos Nacionais da Grã-Bretanha e da Universidade de Oldenburg, na Alemanha. No total, são 4.088 arquivos contendo centenas de milhares de cartas escritas em 20 idiomas.

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