Considerada um achado de grande importância arqueológica, a câmara funerária celta surpreende por seu estado de preservação
Éric Moreira Publicado em 12/11/2024, às 20h00 - Atualizado em 14/11/2024, às 07h25
Recentemente, arqueólogos alemães descobriram próximo à cidade de Riedlingen, no sul da Alemanha, uma câmara funerária de madeira que surpreendeu por seu estado de preservação. Quando observada mais de perto, puderam constatar que se tratava de um grande túmulo do início do período celta, com cerca de 2.600 anos.
Segundo os pesquisadores, a descoberta pode ser considerada rara, pois geralmente madeira enterrada no subsolo se decompõe apenas em algumas décadas. Por isso, uma declaração do governo local chama o sepultamento de uma descoberta de "importância científica excepcional",
O túmulo de Riedlingen é um golpe de sorte para a arqueologia", afirmou Dirk Krausse, arqueólogo estadual de Baden-Württemberg, em entrevista coletiva, conforme repercute o comunicado.
Vale mencionar que os celtas viveram por grande parte da Europa continental, até o extremo leste da atual Turquia, abrangendo diferentes grupos como os gauleses da França e os celtiberos da Península Ibérica. Seus territórios de origem ocupam partes das atuais França, República Tcheca e do sul da Alemanha, onde a tumba foi encontrada.
A câmara é descrita com cerca de 3,4 metros de largura por 4 metros de comprimento, e seus pisos, paredes e teto foram todos construídos com madeiras maciças de carvalho. A sepultura teria se preservado graças às condições úmidas do solo, devido às águas subterrâneas e aquíferos da região, protegendo a madeira da exposição ao oxigênio, que permite a decomposição.
Outro detalhe é que a câmara estava no centro de um enorme monte funerário com 65 metros de diâmetro e quase 6 metros de altura. Devido ao tamanho do sepultamento, os arqueólogos puderam identificar que o complexo seria um dos poucos montes funerários principescos dos celtas, construído para figuras da elite entre 620 e 450 a.C..
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Devido ao estado de preservação da madeira, os arqueólogos agora pretendem fazer uma datação mais detalhada para determinar o ano exato em que a câmara foi construída. Até agora, foi datado somente a madeira do que pode ser uma ferramenta deixada no local por construtores em torno de 585 a.C. — o que pode ser um indicativo do ano que o local foi erguido.
Porém, embora a estrutura da câmara fosse visivelmente resistente, o local foi invadido por saqueadores com o tempo. Foi apontado nas escavações que ladrões de túmulos construíram dois túneis no monte, além de um buraco de entrada no teto da câmara — o que pode justificar a falta de bens valiosos em uma tumba de tamanha importância.
Também foram descobertos vários pregos dos saqueadores em um dos túneis, que podem ter vindo de uma espécie de carruagem de quatro rodas enterradas junto ao falecido, em conformidade com outros túmulos celtas principescos já encontrados pela Europa, segundo o Live Science.
Por fim, a equipe também determinou que havia, em torno do sepultamento, restos humanos em três diferentes locais: ossos dentro da câmara, ossos em uma segunda sepultura, mais próxima da superfície do monte; e restos cremados em duas urnas mais antigas, enterradas sob o monte, datadas de cerca de 600 a.C..
Foi constatado que o indivíduo dentro da câmara era um homem jovem, que tinha entre 1,60 m e 1,70 m de altura, e morreu com uma idade de entre 15 e 20 anos. Já o enterro na cova mais rasa era de um homem mais velho, de entre 25 e 35 anos. Agora, o local e os restos humanos seguem sendo analisados pelos arqueólogos.
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