Dados do passado são mais uma peça no quebra-cabeça do grande debate em torno do tempo de vida do tubarão-baleia
Vanessa Centamori Publicado em 06/04/2020, às 10h14
Ao analisarem dados sobre testes com bombas atômicas, realizados durante a Guerra Fria, um grupo internacional de cientistas confirmou que o maior peixe do planeta possui uma enorme longevidade. Trata-se do tubarão-baleia (Rhincodon typus), uma espécie ameaçada de extinção devido à pesca predatória na Tailândia e Filipinas.
O animal foi estudado através de uma técnica conhecida como datação por carbono. Isso foi possível porque durante a Guerra Fria testes atômicos lançados por países como Estados Unidos, União Soviética, Grã-Bretanha, França e China, duplicaram na atmosfera o número de um isótopo chamado carbono-14.
O isótopo é um tipo de átomo que acabou sendo absorvido por todo o planeta, incluindo por todos os seres vivos. Assim, os cientistas calcularam como o carbono-14 decaiu ao longo do tempo no tubarão-baleia, determinando a sua idade.
Quanto mais velho é um tubarão-baleia, bem menos carbono-14 existe em seu organismo. "Isso significa que temos um marcador de tempo nas vértebras, de modo que podemos trabalhar a periodicidade com a qual os isótopos decaem", contou em comunicado o co-autor da descoberta, Mark Meekan, do Institute of Marine Science, da Austrália.
Anteriormente, a idade de turabões-baleia era calculada somente analisando visualmente as faixas das vértebras desses animais. Quanto mais faixas, mais velho seria o peixe. No entanto, a informação era controversa, já que alguns estudos afirmavam que uma nova faixa surgia a cada ano, enquanto outros diziam que era a cada 6 meses.
Segundo Meekan, os estudos anteriores mostravam apenas que os turabões-baleia podiam viver cerca de 100 anos. Agora, a nova descoberta confirmou que esses animais tem de fato um grande tempo de vida, podendo viver até 150 anos. Todavia, o entendimento científico sobre os movimentos e o comportamento dos turabões-baleia ainda permanece um mistério.
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