Análise de restos mortais indica que as vítimas eram de diferentes origens e teriam sido sacrificadas em rituais ligados à agricultura
Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 05/11/2024, às 18h30
Uma descoberta arqueológica feita no Peru resgata práticas rituais da civilização Chimú, que prosperou na região entre os séculos 12 e 15. Em um túmulo de 700 anos, localizado em Pampa La Cruz, perto da cidade de Trujillo, foram encontrados os restos mortais de 76 crianças e dois adultos, todos com sinais de sacrifícios.
As vítimas foram enterradas nuas, com seus peitos abertos. Essa prática, já observada em outras descobertas na região, pode ter sido realizada para obter acesso ao coração. Além dos corpos, os arqueólogos encontraram objetos valiosos, como conchas de Spondylus, que eram consideradas mais preciosas que o ouro para os povos antigos, e adornos de prata e cobre.
Análises isotópicas dos restos mortais revelaram uma descoberta surpreendente: as crianças não eram todas de origem Chimú.
Uma equipe de arqueólogos revelou que a descoberta de conchas no local foi o primeiro indício de que o túmulo estava ligado a rituais de sacrifício. Essa conexão foi reforçada após uma análise detalhada dos outros 76 corpos encontrados em 2022 no mesmo sítio arqueológico.
As pesquisas apontaram que todas as vítimas apresentavam modificações cranianas, resultantes de práticas culturais em que os crânios infantis, ainda maleáveis, eram intencionalmente alongados por meio de tábuas ou faixas.
Essas características peculiares incitaram uma investigação sobre a procedência das vítimas. Para isso, os pesquisadores recorreram à análise de isótopos presentes nos restos mortais. Esses isótopos, que são variações de elementos químicos, forneceram valiosas pistas sobre as origens geográficas das pessoas sacrificadas.
A dieta e os traços físicos, como a modificação craniana, indicam que muitas das vítimas eram de origem Lambayeque, uma civilização vizinha conhecida por suas habilidades em metalurgia, repercute o Live Science.
Essa descoberta sugere que os Chimú capturavam crianças de outras culturas e as levavam para Pampa La Cruz. Lá, elas eram utilizadas como mão de obrana construção de complexos sistemas de irrigação, essenciais para a expansão agrícola dos Chimú. Após a conclusão das obras, as crianças teriam sido sacrificadas em rituais para fortalecer a terra e garantir a prosperidade agrícola.
A análise aprofundada das outros 76 corpos encontradas em 2022 no mesmo local,
"O enterro das crianças neste monte foi possivelmente uma oferenda para energizar os campos", explicou ao veículo Gabriel Prieto, professor assistente de antropologia na Universidade da Flórida que lidera as escavações em Pampa La Cruz. "Na cosmologia andina, os mortos se tornam ancestrais, e os ancestrais legitimam os direitos à terra, e justificam e apoiam os sistemas que mantêm a terra produzindo."
Para ele, a descoberta "Está abrindo muitas, muitas janelas para aprender sobre os Chimú que vão além da mera ideia de seu sacrifício ritual", disse Prieto.
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