Há exatos 79 anos, a menina judia se escondia com sua família no lugar onde escreveu seu famoso diário
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 06/07/2021, às 17h19
Quando Anne Frank se mudou com sua família para o esconderijo no prédio do escritório de seu pai, a Segunda Guerra Mundial já estava acontecendo fazia aproximadamente três anos.
Durante esse período, a repressão à comunidade judaica cresceu vertiginosamente dentro da Alemanha e dos outros países controlados pelo exército alemão, impulsionada principalmente pelas crenças de Hitler e o partido nazista.
A situação chegou ao seu ponto máximo com o envio de judeus para os campos de concentração, mas antes disso já havia ocorrido o fechamento de negócios administrados pelos judeus.
Então, em julho de 1942, a Holanda, onde a família Frank havia se refugiado, tornou-se também perigosa demais para judeus. O grupo conseguiu se abrigar a tempo, mas suas dificuldades estavam apenas começando.
O local conhecido como “Anexo Secreto” ficava na parte traseira do prédio de dois andares onde estava localizado o escritório administrado por Otto Frank. Além dele, da esposa e suas duas filhas, seu sócio Hermann Van Pels e respectiva família também esconderam-se ali. As informações foram documentadas pelo site Arts and Culture, mantido pelo Google.
O medo constante de serem descobertos por soldados nazistas ou então bombardeados, unido ao estresse adicional de dividir o espaço pequeno e os poucos recursos entre várias pessoas, tornou a convivência entre os habitantes do Anexo por vezes complicada. Os muitos atritos que constituíram o cotidiano dos judeus escondidos ali foram relatados longamente por Anne em seu diário.
“Ninguém jamais suspeitaria da existência de tantos cômodos por trás daquela porta cinza e lisa”, disse a jovem em suas anotações, segundo repercutido pela Superinteressante em 2021. Para afastar ainda mais a possibilidade de alguém suspeitar da porta do esconderijo, todavia, foi colocado ainda um armário na frente dela, que a cobria completamente.
Dois funcionários que trabalhavam no prédio foram responsáveis por ajudar os Frank e os Van Pels afastavam esse armário de tempos em tempos para os abastecê-los com alimentos e itens de higiene pessoal.
Tirando essa dupla que manteve os judeus escondidos no anexo vivos, os funcionários do prédio não sabiam que haviam duas famílias vivendo ali. Nessa situação, o silêncio era essencial para que a presença deles não fosse descoberta.
Só era possível falar sem sussurrar ou dar descarga no banheiro, por exemplo, de noite ou durante fins de semana, quando o armazém estava vazio.
Para garantir a sobrevivência, diversas atividades diárias eram realizadas não apenas de maneira cuidadosa, mas também regulada. Era o caso do almoço, que apenas podia acontecer durante a meia hora em que os empregados do prédio eram liberados para comer. Durante esse curto período, o barulho de talheres, por exemplo, passava despercebido.
Também por conta da necessidade de fazer silêncio, os moradores do Anexo não tinham o luxo de tomar banho todos os dias. Eram apenas as manhãs de domingo, portanto, que eles conseguiam se limpar.
Ainda de acordo com a Superinteressante, o grupo também não tinha um chuveiro disponível em seu esconderijo, de forma que precisavam tomar banho de caneca, isso é, enchendo uma bacia com água quente e lavando o corpo como conseguiam.
Para acompanhar a direção que a guerra tomava, algo que tinha o poder de interferir diretamente em seus destinos, os habitantes do Anexo ouviam o rádio e Otto usava alfinetes para indicar em um mapa quais regiões haviam sido reconquistadas pelos exércitos dos Aliados (França, Inglaterra, EUA e URSS), o que foi documentado também pelo Arts & Culture.
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