"Grávido", sapo foi encontrado em meio a depósitos de 100 milhões de anos na China, sendo o mais antigo do tipo já encontrado
Éric Moreira Publicado em 07/02/2024, às 13h25
Um sapo fossilizado que viveu há cerca de 100 milhões de anos, lado a lado dos dinossauros, foi descoberto recentemente em um leito fóssil do noroeste da China. Porém, o que mais impressiona no achado não é sua idade ou o animal descoberto, mas sim o fato de ele ter sido encontrado com sua barriga cheia de ovos — sendo assim uma descoberta bastante singular.
É importante mencionar que sapos não engravidam; em vez disso, as fêmeas desenvolvem um lote de ovos que eventualmente são postos e fertilizados por um macho, segundo o Live Science. O que os pesquisadores acreditam para o caso desse achado é que o animal, uma fêmea, provavelmente morreu durante o acasalamento.
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Da espécie Gansubatrachus qilianensis, o sapo data do período Cretáceo (de 145 milhões a 66 milhões de anos atrás), e foi descrita em um estudo publicado na terça-feira, 6, na revista Royal Society B: Biological Sciences.
É relevante mencionar que encontrar sapos tão antigos já é um feito relativamente raro, e a presença de tecidos moles preservados é ainda mais especial. O achado é descrito como extraordinário, sendo a primeira documentação de um sapo "grávido", segundo os pesquisadores.
Comparando o fóssil recém-descoberto com outros espécimes descobertos anteriormente, os pesquisadores descobriram que aquele animal ainda era esqueleticamente imaturo, ou seja, ele era capaz de se reproduzir sexualmente mesmo antes de estar completamente desenvolvido. Embora esse traço seja comum em vários animais modernos, até então não havia qualquer evidência fóssil de que isso já acontecesse com os sapos e rãs de milhões de anos atrás.
A evolução da reprodução, especialmente as estratégias reprodutivas, é uma parte muito importante da evolução biológica", afirma Baoxia Du, paleontólogo da Universidade de Lanzhou, na China, e principal autor do estudo, ao WordsSideKick.com.
Sendo esqueleticamente imaturo, foi descartado pelos pesquisadores que o sapo tenha morrido de velhice. Além disso, fatores ambientais — como mudanças abruptas nas condições da água ou mesmo a proliferação de algas — também foram descartados, visto que seria notável nos próprios depósitos fósseis.
Por isso, "atualmente, acreditamos que a causa mais provável da morte é fraqueza ou mesmo asfixia após um 'comportamento amplexo', que é bastante comum entre os sapos existentes", completa Baoxia Du.
Amplexo — que significa 'abraço' em latim — é o comportamento de quando sapos machos montam e agarram as fêmeas com as patas dianteiras, e permanecem grudados a elas por horas ou até mesmo dias, até que seus óvulos sejam fertilizados. Nesse processo, a fêmea poderia ter morrido por afogamento ou exaustão.
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Por mais que sejam necessários mais registros fósseis para fundamentar as descobertas recentes de que as rãs do passado poderiam se reproduzir mesmo antes da idade adulta, a descoberta já fornece um vislumbre de como se deu o desenvolvimento desses animais. "O fato de que [os primeiros sapos] prosperaram durante a era dos dinossauros e sofreram múltiplas extinções em massa torna o estudo de suas estratégias de sobrevivência altamente valioso", finaliza Baoxia Du.
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