Considerada uma das pioneiras da medicina, a mulher é um ícone feminista, mas também protagoniza diversos debates modernos
Giovanna Gomes Publicado em 09/12/2020, às 16h29 - Atualizado em 17/12/2021, às 11h00
A medicina é uma das ciências mais antigas da história da humanidade. Dos curandeiros aos sacerdotes, dos tratamentos alternativos até a invenção da insulina, o ato de cuidar das pessoas é uma atividade louvada há séculos em todo o planeta.
Com raízes na religião e na magia, os primeiros médicos surgiram na Babilônia, curando transtornos mentais com rituais específicos. Mais tarde, estima-se que o primeiro médico da história foi Imhotep, cujas atividades, datadas do ano 2.850 a.C., giravam em torno de tratamentos cirúrgicos práticos, que se distanciavam da religião, por exemplo.
Assim como Imhotep, os livros de História e a cultura popular afirmam que a primeira médica da história também foi uma cientista egípcia. Tendo vivido em meados do ano 2700 a.C., Merit Ptah é tida como uma importante personagem da medicina mundial.
Símbolo feminista, ela contava com o título de "médica chefe" inscrito na tumba de seu filho. No entanto, recentemente, uma nova tese historiográfica sugeriu algo que ninguém imaginava: Merit Ptah pode nunca ter existido ou, pelo menos, não como imaginávamos.
Merit Ptah se tornou conhecida no ano de 1938, quando a médica e historiadora Kate Campbell Hurd-Mead publicou um livro que mencionava a cientista. Segundo a pesquisadora, ela teria vivido em 2730 a.C.
Na obra, Kate diz que uma imagem da mulher havia sido gravada na tumba de seu filho, que era um importante sacerdote na época. Contudo, um estudo da Universidade do Colorado notou um ponto de incongruência nesta tese.
Segundo os estudiosos que decidiram revisar a narrativa, a tumba referenciada pela historiadora estaria localizada no Vale dos Reis, uma área reservada para nobres e faraós.
Porém, o local somente começou a ser utilizado por volta de 1540 a.C., quase mil anos após a morte da cientista. Além disso, a mulher foi representada com vestimenta e a posição corporal diferente das que eram características dos médicos da época.
De acordo com Jakub Kwiecinski, o historiador que liderou o estudo, “o nome Merit Ptah existiu no Império Antigo, mas ele não aparece em nenhuma das listas dos antigos curadores egípcios.”
A cientista também não é mencionada nas listas de administradoras do Império. No entanto, a constatação não exclui a existência de uma médica ná época.
É provável que a verdadeira detentora do título se chamava Peseshet, que teria vivido no Egito Antigo em 2400 a.C. Suas informações foram reveladas durante uma escavação em Giza, ao norte do Vale dos Reis. Na tumba de seu filho, Akhethetep, foi mencionada como “supervisora das mulheres curandeiras”.
Além disso, o nome de Peseshet já havia sido mencionado em livros e artigos anteriores a 1938, mas sem o título de "primeira mulher médica da história."
Ainda pensando nisso, Kwiecinski acredita ainda que o livro de Kate tenha trocado as identidades por engano. Entretanto, a confusão ocorrida não diminui a importância desse exemplo, mas "mostra como esses modelos têm sido importantes para a entrada de mulheres na ciência e medicina”, declarou.
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