Convocados para a tomada do Monte Castelo, os brasileiros passaram por algumas das batalhas mais intensas para a divisão
Pamela Malva Publicado em 17/01/2021, às 08h00 - Atualizado em 14/04/2022, às 08h00
Durante os últimos momentos da Segunda Guerra Mundial, o Alto Comando aliado tinha uma meta muito clara em mente. Enquanto soviéticos avançavam pelo leste europeu, eles queriam conquistar a cidade de Bolonha até o Natal daquele ano de 1944.
Em resumo, tomar o território significaria manter o inimigo sob pressão na península italiana. Por outro lado, a ofensiva exigia a presença de uma divisão inteira, já que o 5º Exército norte-americano havia sido desfalcado no front italiano.
Com uma boa reputação entre os oficiais dos Estados Unidos, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi a escolhida para ajudar os Aliados. Em novembro, então, a divisão já estava praticamente completa para marchar em direção a Bolonha.
Confira cinco fatos sobre a saga dos pracinhas na Segunda Guerra.
1. Falta de preparo
Ainda que, de fato, a FEB tivesse um intenso treinamento, os soldados brasileiros não estavam prontos para uma guerra daquelas proporções. Em depoimento dado ao historiador César Maximiano, o veterano Newton Lascaléia explicou a situação.
“As únicas montanhas que eu tinha visto, de longe, no Brasil, foram o Pico do Jaraguá, em São Paulo, e o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro”, narrou. “De repente, me vi lá dentro da cordilheira apenina, enfrentando o começo de um inverno rigoroso. No nosso treinamento nunca se falou em montanha.”
2. Trabalho pesado
Durante a ofensiva, os brasileiros foram responsáveis por tomar o Monte Castelo, um dos principais pontos para a conquista. Só que o trajeto, feito ao lado dos EUA, não foi nada fácil: cada soldado carregava cerca de 25 kg de equipamentos nas costas.
Caminhando morro acima, eles eram obrigados a procurar abridor atrás de rochas ou estruturas naturais, já que a vegetação havia sido devastada pelos bombardeios. Os soldados, ainda por cima, deveriam livrar-se das minas e das metralhadoras alemãs.
3. Obstáculos
Como se o trabalho deles já não fosse complexo o suficiente, os soldados brasileiros viviam sob constante observação dos alemães. Para piorar, com a chegada do inverno, as temperaturas no front eram a maior das inimigas, podendo chegar aos -20ºC.
Correspondente de guerra, o jornalista Joel Silveira se lembrou se outros agravantes. “Na região de Monte Castelo tínhamos 24 horas de noite. O tempo todo tudo escuro por causa da fumaça”, contou, em textos dos Diários Associados na campanha brasileira.
4. Ataques falhos
Apesar de todos os percalços, os pracinhas fizeram o primeiro ataque ao Monte Castelo em 24 de novembro. Por falha na comunicação, a tentativa fracassou. Cinco dias mais tarde, a segunda investida, também arrasada, contou com 195 baixas da FEB.
Logo depois da batalha mais devastadora para os brasileiros, os soldados tiveram de retornar ao front. Em meados de dezembro, o comando decidiu tentar mais uma vez. Entretanto, após a perda de outros 145 homens, a ordem de retirada foi emitida.
5. Conquistas premiadas
Como o prazo inicial já tinha passado, a pressão para que os pracinhas tomassem Monte Castelo era enorme. Era questão de honra. O objetivo, então, foi atingido em pouco mais de 12 horas no dia 21 de fevereiro, após três meses de tentativas falhas.
Mais tarde, no dia 12 de abril, os brasileiros receberam a ordem para avançar em direção a Montaurigula. Na manhã do dia 15, os pracinhas tomaram da cidade depois de uma das batalhas mais sangrentas para as tropas brasileiras, somando 426 baixas.
Duas semanas depois da última conquista, a guerra na Itália chegou ao fim. Em homenagem aos pracinhas brasileiros, o Museu Militar da Força Expedicionária Brasileira foi construído no interior de um castelo do século 12.
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