Nos versos, samba-enredo diz: 'Vou erguer um monumento para seu Luiz Inácio'. Mas quem é a figura citada pela Mocidade?
Publicado em 05/02/2024, às 19h00 - Atualizado em 07/02/2024, às 17h57
"E nessa terra onde tamanho é documento / Vou erguer um monumento para seu Luiz Inácio". É com esses versos que a Mocidade Independente de Padre Miguel promete sacudir a Marquês de Sapucaí na próxima segunda-feira, 12, com seu desfile de Carnaval.
O enredo composto por Diego Nicolau, Paulinho Mocidade, Marcelo Adnet, Richard Valença, Orlando Ambrósio, Gigi da Estiva, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax, porém, não trata de um tema político, como os dois primeiros nomes do presidente Lula possam sugerir.
Entretanto, é verdade que o assunto levado para a avenida não deixa de causar suas polêmicas. Conheça a história por trás de "Pede Caju que dou... Pé de caju que dá!", da Mocidade Independente.
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No entanto, recorda matéria do jornal O Globo, a Mocidade Independente de Padre Miguel já se tornou sensação antes mesmo da folia começar. No pré-carnaval, a escola agitou com sua chamada 'Cajufolia' — nome dado ao ensaio técnico da agremiação.
Segundo é descrito na sinopse pelo carnavalesco Marcus Ferreira e o jornalista Fábio Fabato, o enredo deste ano faz um "redemoinho antropofágico", com uma história leve e sensual passeando pelo tropicalismo.
A grande 'disputa' apresentada em "Pede Caju que dou... Pé de caju que dá!" não tem nada a ver com a recente história política do país. Mesmo assim, o assunto não perde seus próprios debates. Afinal, qual o maior cajueiro do Brasil?
No samba-enredo, o 'Luiz Inácio' citado trata-se de Luiz Inácio de Oliveira que, segundo a história oral, resgata O Globo, teria sido o pescador responsável por plantar a árvore na praia de Pirangi do Norte, em Parnamirim (RN), no final do século 19.
Os relatos ainda apontam que o homem teria morrido sob seu pé de caju, que ficou conhecido por seu crescimento para os lados. O cajueiro ficou tão grande que chegou a entrar no Guinness Book como o maior do mundo, medindo cerca de 8.500 metros quadrados.
Assim, a escola aproveitou o mesmo nome do presidente para brincar em seu enredo. "Obviamente, devido ao fato de ser homônimo do presidente, sublinhamos com tintas mais fortes o nome Luiz Inácio, e ele até é citado no samba", aponta Fabato.
Isto faz parte do que a gente chama de 'carnavalização'. Ou seja, o duplo sentido, a brincadeira, a sátira marota, algo que está na própria gênese da folia", continua.
Outra possível associação do samba-enredo com o presidente é a citação de um "polvo" na sinopse da composição. No entanto, essa é apenas a maneira que o cajueiro do Rio Grande do Norte é chamado, por conta de suas ramificações — que se parecem com tentáculos.
No período anterior, as escolas foram alvos de ataques e trouxeram enredos mais densos", explica Fábio Fabato sobre a ‘suavizada temática’ da Mocidade para este ano.
“Com a melhoria no clima das agremiações, na relação com a cidade e o país, sentimos que poderíamos voltar a ‘relaxar’ e ler o espírito do tempo a partir de mais leveza, sensualidade, pimenta. A história foliã nos mostra que o diálogo com o entorno pauta as linhas temáticas desde o primeiro campeonato, em 1932”, finaliza.