Símbolo da Revolução Francesa, a tomada da fortaleza militar foi responsável por libertar prisioneiros
Ocorrida no dia 14 de julho de 1789, a Queda da Bastilha é considerada um dos principais eventos da Revolução Francesa. Símbolo da queda da monarquia, o episódio marvou a história do país e, ainda hoje, é amplamente lembrado.
Na época, a Tomada de Bastilha foi gerou uma onda de reações pela França, estendendo-se para o restante da Europa. Atualmente, a data é conhecida formalmente como Festa da Federação, sendo celebrada como feriado nacional.
Erguida em 1370, a Bastilha era uma fortaleza militar. No século 17, o local se firmou como cadeia. "Suas masmorras recebiam prisioneiros do rei", diz o historiador André Joanilho, da Universidade Estadual de Londrina. Assim ficou até 1789, ano em que a França beirava o caos.
Enquanto a desigualdade imperava, o governo esbanjava nos gastos e deixava 25 milhões de pessoas insatisfeitas. Sob pressão, o reiLuís XVI (1754-1793) reuniu em maio os Estados Gerais a fim de buscar saídas para o colapso financeiro.
Percebendo que os privilégios seriam mantidos, a burguesia fundou sua própria Assembleia Nacional. Mas boatos de que o rei pretendia dissolvê-la geraram uma onda de saques, que culminaram na tomada da fortificação.
Feita de pedra, a Bastilha tinha oito torres e paredes de 2,75 metros de espessura. Para entrar, era preciso vencer duas pontes-levadiças, pois ao redor do castelo havia um fosso de mais de 25 metros de largura, por onde passava água do rio Sena.
Por ano, a fortaleza recebia em média 40 presos. No dia da tomada, havia sete: um nobre, dois loucos e quatro falsários. Também estavam lá 82 suboficiais, o diretor do local, o marquês de Launay, e 32 guardas suíços. Para a defesa, eles contavam com 15 canhões e 12 fuzis.
Além disso, pessoas sem julgamento nem sentença eram enviadas para o insólito local, à mando do rei. O tratamento aos presos era imprevisível: existem relatos de celas onde só se ficava em pé, mas também de quartos com camas e cadeiras. Um dos detidos, o marquês de Sade (1740-1814), tinha esses privilégios.
Em 12 de julho de 1789, o diretor das finanças real foi demitido. Em reação, 50 mil homens roubaram armas pela cidade. Em 14 de julho, marceneiros, sapateiros e alfaiates foram até Bastilha atrás de munição. Às 10h30, começaram a negociar com o diretor, o marquês Launay, que teria convidado os líderes para almoçar.
Por outro lado, ao longo do dia, o povo começou a se agitar. Alguns, mais exaltados, cortaram a golpes de machado as correntes das portas exteriores. Ninguém sabia de onde veio o primeiro tiro, mas ele foi o estopim do conflito armado ocorrido entre a população e os soldados da fortaleza.
Às 17h, o diretor se rendeu e a segunda ponte-levadiça foi baixada. Liderado por 800 manifestantes, o povo invadiu o castelo, pegou a munição e libertou os prisioneiros. Launay, por sua vez, foi decapitado e sua cabeça desfilou pelas ruas francesas na ponta de uma lança. No total, estima-se que morreram cerca de 100 populares e um guarda.