Da icônica esfinge Al Ahram até Fortaleza de Babilônia, são pontos turísticos que revelam as riquezas e a cultura do Egito Antigo
Quando falamos em Egito, é fácil ficar perplexo com a escala do tempo. Na época em que Cleópatra teve seu affair com Júlio César, condenando seu orgulhoso país a se juntar ao Império Romano, a Grande Pirâmide era uma portentosa ruína de mais de 2,5 mil anos — isto é, Cleópatra está mais próxima do voo da Apollo 11 do que da construção das icônicas e insubstituíveis pirâmides.
Por essa época, Mênfis, a velha capital dos faraós, substituída por Alexandria, era mesmo só um ponto turístico para quem quisesse ver as pirâmides. Mas o local ainda tinha valor estratégico, então os romanos criariam uma fortaleza nas proximidades, misteriosamente batizada de Babilônia. Foi basicamente isso que os islâmicos conquistariam em 641, fundando no lugar a capital do Egito Islâmico, Fustat.
Em 1168, durante uma invasão dos cruzados, Fustat foi destruída pelos próprios egípcios para evitar que os inimigos a saqueassem. A capital foi transferida para o Cairo, uma cidadezinha um pouco ao norte. E, a partir daí, ela floresceria como um dos maiores centros culturais e econômicos do mundo islâmico.
Cairo e Egito teriam seus altos e baixos, com um período de decadência após a conquista otomana e um conturbado domínio britânico. No século 20, adquiriu novamente o posto de centro do pensamento do mundo islâmico.
As ideologias do nacionalismo árabe e fundamentalismo islâmico, pelas quais ainda disputam conflitos como o da Síria, nasceram no Egito, país tanto do presidente nacionalista Gamal Abdel Nasser quanto da Irmandade Muçulmana.
Em sua posição central, o Egito foi um dos países mais afetados pelo turbilhão da Primavera Árabe, que causou prejuízos à sua herança histórica. Mas acabou se saindo relativamente intacto — hoje é um regime não exatamente democrático, mas secular.
O faraó Khafre pode ter se contentado com uma pirâmide menor que a de seu pai e antecessor, mas em compensação imortalizou a si mesmo num dos monumentos mais famosos do mundo. A história — que talvez um guia atual ainda conte para os turistas — sobre Napoleão ter arrancado seu nariz é pura lenda. Ela foi vandalizada durante a Idade Média, e perdeu também a barba.
Um dos grandes símbolos da ocidentalização inicialmente amigável — que depois se tornaria domínio colonial. Foi inaugurado como sede de governo em 1874 pelo Khedive (vice-rei) Ismail, modernizador cujo lema era “Agora o Egito é parte da Europa”. Ismail seria deposto pelos britânicos.
Ninguém sabe direito como uma fortaleza romana no Egito ganhou o nome de uma cidade-estado já abandonada na época de sua construção, no século 1. A fortaleza foi o último bastião da resistência dos cristãos e seus muros ainda marcam os limites da Cairo Antiga, onde também há o Museu Copta.
O nome vem do fato de ter sido construída sobre um portal da Fortaleza de Babilônia. A igreja mais importante do Cairo surgiu no século 7, após a conquista islâmica. Ela é, assim, um símbolo vivo da tolerância que permitiu que os cristãos coptas continuassem a ser uma importante parte do Egito até hoje.
Um dos melhores do mundo em seu tema, conta com uma coleção de 120 mil itens, vindos do mundo todo, e escavações na antiga capital Fustat. Inclui exemplares raros de caligrafi a, decoração em arabescos e manuscritos do Corão. Sofreu ataques durante a Primavera Árabe, mas sobreviveu.
Consagrada em 972, é a mesquita mais antiga do Cairo. Inicialmente modesta, sofreu inúmeras reformas de cada novo governante, até resultar na monumental e eclética arquitetura atual. Nela também funciona a segunda universidade mais antiga do mundo — que é secular desde 1952.
Ainda numa posição privilegiada, que permite avistar toda a cidade e tomar uma brisa fresca, o castelo foi construído por Saladino para defender-se dos cruzados, tornando-se o centro do governo até o século 19. Além do museu militar, inclui três outros e duas mesquitas militares.
Criado pelo Ministério da Guerra, é um dos primeiros prédios a se avistar ao entrar na Cidadela de Saladino. As peças de artilharia na recepção ocultam um museu que trata desde o período dos faraós. Existem ali tanto os kopesh, as espadas da Antiguidade, quanto os caças soviéticos usados contra Israel em 1967.