Evento deveria ter ocorrido em 1972, mas um imprevisto causou um atraso de quatro anos, entenda!
No próximo dia 7 de setembro, o Brasil irá comemorar seus 200 anos como território independente de Portugal. As comemorações sendo planejadas para esse marco histórico incluem o coração que um dia pulsou no peito de Dom Pedro I, o governante português responsável por declarar nossa independência.
Embora os planejamentos cercando a vinda do órgão para o país tenham surpreendido brasileiros desde que a intenção de trazê-lo para cá foi anunciada, vale dizer que essa não é a primeira vez que recebemos restos mortais de nosso antigo imperador enquanto celebramos o impactante evento ocorrido em 1822.
No ano de 1972, durante a ditadura militar, quando o Brasil completava 150 anos como Estado autônomo e soberano, o governo liderado pelo general Emílio Médici conseguiu que Portugal enviasse o caixão de Dom Pedro I para nosso país. Segundo informações repercutidas pelo Estadão, Médici chegou a fazer um pronunciamento via rádio a respeito do acontecimento.
Brasileiros, não posso esconder minha emoção. Fala por si mesmo este fato que nenhuma eloquência poderia superar: no ano em que celebramos o sesquicentenário da nossa Independência [150 anos], regressará ao Brasil o corpo daquele que, em sete de setembro, às margens do Ipiranga, com a bravura, o arroubo e a paixão que eram a marca de sua personalidade, proclamou livres estas terras", afirmou o presidente da época.
A urna enviada, que ficou conosco permanentemente — diferente do coração, que permaneceu na cidade de Porto, a pedido do próprio Dom Pedro I quando ainda era vivo — trazia não apenas o corpo do governante, mas também suas armas, sendo constituída de duas camadas, a mais externa de madeira e a interna de chumbo.
O falecido imperador foi recebido em território brasileiro com grandes festividades e exuberantes desfiles militares. Seu novo local de descanso seria o então memorial conhecido como Capela Imperial (que foi posteriormente rebatizado como Cripta Imperial), localizado dentro do Monumento do Ipiranga.
A construção de granito fica na cidade de São Paulo, próxima ao famoso rio onde o homem teria dado o memorável grito de "Independência ou Morte".
O sepultamento de Dom Pedro I, todavia, não ocorreu em 1972, como originalmente pretendido, e sim quatro anos mais tarde, em 1976.
Ainda de acordo com o Estadão, o curioso motivo do atraso é que, quando os restos mortais do governante finalmente chegaram ao monumento, os envolvidos em seu enterro descobriram que, para sua surpresa, o caixão, confeccionado em solo português, era oito centímetros grande demais para o sarcófago destinado a guardá-lo.
O problema, por um lado cômico, e por outro, trágico, não tinha uma solução rápida. Como as autoridades de Portugal não permitiam que o recipiente que levaria o corpo de Dom Pedro I fosse alterado, as medidas incompatíveis fizeram com que o governo brasileiro precisasse empreender uma reforma da cripta do Monumento à Independência do Brasil, aumentando-a de tamanho.
Foi apenas em 5 de setembro de 1976, durante o mandato do general Ernesto Geisel, que os despojos do governante que proclamou nossa independência finalmente puderam ser sepultados em seu sarcófago.