Em destaque na plataforma de streaming Netflix, o filme Número 24 se baseia em uma história real da Segunda Guerra Mundial
Dirigido por John Andreas Andersen, o filme de guerra da Netflix, 'Número 24', narra a história de Gunnar Sønsteby, um destacado membro da resistência norueguesa durante a ocupação nazista iniciada em 1940.
O filme se concentra nos cinco anos de luta de Gunnar como combatente da resistência, revelando suas adversidades e sacrifícios em nome da liberdade de seu país.
"Um jovem norueguês arrisca a vida para combater a ocupação nazista, tornando-se o herói de guerra mais condecorado do país", destaca a sinopse da plataforma de streaming.
O homem por trás do drama da Netflix nasceu em 11 de janeiro de 1918 na cidade de Rjukan. Mudando-se para Oslo na década de 1930 para estudar economia, trabalhava como contador quando a invasão alemã ocorreu. Em suas memórias, ele descreve a humilhação sentida ao ver soldados nazistas nas ruas de sua cidade natal, um sentimento que o motivou a se juntar à resistência sem hesitar.
A princípio, Sønsteby considerou ir à Grã-Bretanha integrar os esforços de resistência, mas após essa opção não se concretizar, retornou a Oslo e envolveu-se em diversas atividades clandestinas.
Com outros simpatizantes, ele começou a publicar um jornal visando bater de frente com a propaganda nazista. Logo começou a coletar informações sobre as movimentações dos oficiais nazistas noruegueses.
Suas missões o levavam frequentemente à Suécia, onde poderia viajar a pé. Em 1941, estabeleceu contato com a embaixada britânica em Estocolmo e se uniu ao Special Operations Executive (SOE), recebendo o codinome Agente 24. Em 1943, ele foi para Oslo após concluir seu treinamento na Escócia.
Logo se envolveu em atos significativos de sabotagem. Um exemplo é o furto das chapas de impressão do banco estatal norueguês para produzir uma moeda falsa que financiaria a resistência.
Como líder da Companhia Linge e do grupo de Oslo, continuou uma sequência de ações que mantiveram os nazistas constantemente alerta. Ao lado de outros nomes da resistência, destruiu a fábrica de armas Kongsberg, danificou instalações de fabricação de ácido sulfúrico e bombardeou arquivos do Escritório do Trabalho para impedir o alistamento forçado de noruegueses no exército alemão, explica o The Cinema Holic.
Habilidoso na falsificação, Gunnar criou mais de trinta identidades diferentes e forjou a assinatura de Karl Marthinsen para escapar das garras nazistas, tornando-se um dos homens mais procurados na Noruega. Para alcançá-lo, seu pai foi preso pelos alemães; no entanto, isso não foi suficiente para desanimá-lo.
Em 1944, após a invasão da Normandia, Gunnar e seus companheiros sabotaram ferrovias para dificultar o envio de reforços pela Alemanha. Nos últimos dias daquele ano, bombardearam a sede da Gestapo em Oslo e, em 1945, afundaram um navio de transporte alemão.
As ações constantes da resistência contribuíram significativamente para enfraquecer o regime nazista não apenas na Noruega, mas também no cenário global da Segunda Guerra Mundial.
Apesar das inúmeras dificuldades impostas pela perseguição nazista e das tentativas incansáveis dos alemães para capturá-lo, Gunnar nunca foi preso. Este feito impressionante chamou a atenção dos serviços secretos britânico e norueguês que tentaram recrutá-lo após o fim do conflito. No entanto, sentiu que havia cumprido seu dever patriótico e decidiu afastar-se do campo militar.
Em 1945, mudou-se para os Estados Unidos, onde frequentou a Harvard Business School e posteriormente trabalhou na indústria petrolífera antes de retornar à Noruega para fundar sua própria empresa, repercutiu o jornal The Independent em 2012. Casou-se com Anne-Karin em 1953 e tiveram três filhas.
Ainda que não tenha voltado ao mundo da espionagem pós-guerra, Gunnar sempre destacou a importância dos valores democráticos. Durante toda sua vida dedicou-se a palestras em escolas e universidades norueguesas abordando questões sobre liberdade e direitos civis.
Em 1999, o herói da resistência lançou o livro "Report from #24" ("Relato do #24"), onde compartilha detalhes sobre suas missões durante o conflito. Em 2001, expressou publicamente sua oposição à proposta de nomear uma rua em Oslo em homenagem ao romancista Knut Hamsun devido à sua relação com nazistas como Joseph Goebbels.
Gunnar Sønsteby faleceu em 10 de maio de 2012, aos 94 anos. Reconhecido como um dos maiores líderes do movimento de resistência norueguês, recebeu honras fúnebres estatais no dia 25 do mesmo mês, com uma cerimônia acompanhada por uma guarda de honra e autoridades nacionais.
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