Com novas revelações, nova série 'Bateau Mouche: O Naufrágio da Justiça' gira em torno de um trágico naufrágio ocorrido na costa brasileira em 1988
Publicado em 15/03/2025, às 14h00
Na próxima semana chega ao catálogo do Max a nova série 'Bateau Mouche: O Naufrágio da Justiça', um documentário dividido em três episódios sobre um dos maiores desastres marítimos já registrados na história do Brasil.
A embarcação de turismo Bateau Mouche IV afundou na costa do Rio de Janeiro na noite de 31 de dezembro de 1988, vitimando 55 pessoas.
A nova produção é dirigida por Tatiana Issa e Guto Barra — mesmos nomes por trás de 'Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez' —, com roteiro de Guto Barra e Renata Amato, e sob supervisão de Sergio Nakasone, Adriana Cechetti e Patrício Diaz, da Warner Bros. Discovery.
"Série documental sobre o naufrágio do navio turístico Bateau Mouche IV, um desastre marcado pela ganância, negligência e impunidade", narra a sinopse da produção, disponibilizada na própria plataforma de streaming Max. Veja o trailer:
Com a proximidade do lançamento, confira a seguir 5 coisas para saber antes de assistir a 'Bateau Mouche: O Naufrágio da Justiça':
'Bateau Mouche: O Naufrágio da Justiça' transporta o espectador à fatídica madrugada de réveillon de 1988 na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, com uma série de imagens de arquivo, recriações e depoimentos exclusivos sobre o episódio, abordando não só a tragédia, mas também as investigações e desdobramentos jurídicos do caso.
Assim, a série promete revelar os erros operacionais, negligências e o impacto emocional que o naufrágio teve nas famílias das vítimas, além de abordar a segurança naval da época e influências nas legislações marítimas que acarretou. Há também entrevistas com figuras como Fátima Bernardes, Malu Mader e Bernardo Amaral, filho da atriz Yara Amaral, uma das vítimas.
Era mais de 23h do dia 31 de dezembro de 1988, um sábado com chuva fina e mar agitado, quando o barco de passeio Bateau Mouche IV começou a afundar na Baía de Guanabara.
Era clima de festa de fim de ano a princípio, mas tudo terminou como uma grande tragédia: havia mais de 140 pessoas a bordo — o número é impreciso, com estimativas de 142 a até mais de 150 —, das quais 55 faleceram.
O passeio saiu 21h, e na época custava 150 mil cruzeiros, dando direito aos passageiros à ceia com peru, farofa, tender e fios de ovos, além de música ao vivo. A princípio, tudo parecia sem qualquer problema — exceto pelo fato de que a embarcação foi interceptada pela Marinha duas ou três vezes, aparentemente porque estava superlotada, o que pode ter sido a causa do naufrágio.
Uma das sobreviventes do episódio foi Renata Fiszman, que na época tinha 18 anos, e estava acompanhada do namorado, dos pais, do irmão, da irmã e do cunhado. A família estava no deque da embarcação quando ela começou a afundar, sendo isso um fator crucial para a sobrevivência deles.
Quando o barco entrou em mar aberto, ele começou a balançar de forma que os passageiros ficaram bastante preocupados. E foi o namorado — hoje marido — de Fiszman, um militar com noções de sobrevivência e salvamento, que previu a tragédia momentos antes de acontecer.
Ele gritou pra mim: 'Pula na água, pula que vai virar'. Eu estava de mãos dadas com os meus pais, mas meu instinto de sobrevivência me fez pular. Acredito que eu tenha sido a primeira a saltar no mar. Mergulhei e, quando voltei à tona, o barco já tinha virado", relatou Fiszman.
"Devia ser 10 minutos para meia-noite. As mesas e cadeiras estavam boiando, estava escuro, bateu o desespero e fiquei procurando a minha mãe, porque lembrei que ela não sabia nadar", complementa. Felizmente, todos sobreviveram, e viram a queima de fogos em Copacabana naquele cenário caótico.
Um dos principais articuladores do golpe militar de 1964 e, posteriormente, da redemocratização, o ex-ministroAníbal Teixeira também estava a bordo do Bateau Mouche IV, acompanhado da esposa, Maria José Andrade Teixeira de Sousa, e outros três parentes.
A família toda estava sentada em uma mesa, feita de mármore, aproveitando as festividades; até que, algum tempo depois, a mesa estava caída e debaixo d'água. Durante os 15 primeiros minutos após o naufrágio, o ex-ministro tentou procurar pela esposa, que minutos antes estava a seu lado, mas não conseguiu encontrá-la.
"Nadei em volta do barco várias vezes tentando localizá-la. Entretanto, quando chegava perto de um grupo, era agarrado por duas, três pessoas na água. Depois de uns 10, 15 minutos, vi que era impossível permanecer ali", recordou Teixeira anteriormente à Folha. Então, ele nadou por cerca de 2.500 metros até avistar uma corda arremessada de uma treineira, que o resgatou.
Aníbal Teixeira foi hospitalizado após o incidente, sofrendo uma isquemia — termo que designa a presença de um fluxo de sangue e oxigênio inadequado — que o deixou internado por 15 dias na UTI. Porém, a maior dor que sofreu naquela noite foi que, no naufrágio, ele perdeu a mulher e os outros três parentes que estavam na embarcação.
Aos curiosos para entender mais sobre o naufrágio e esse episódio brutal da história marítima brasileira, 'Bateau Mouche: O Naufrágio da Justiça' estreia na próxima terça-feira, 18 de março, no catálogo da plataforma de streaming Max, além do canal HBO.
Vale mencionar que os três episódios, com 60 minutos cada, serão lançados semanalmente às 21h.