Nos últimos dias, retirada das tradicionais luminárias em rua do bairo da Liberdade, em São Paulo, chamou atenção; entenda
Nas redes sociais, o tradicional bairro da Liberdade, em São Paulo, provocou intensos debates entre internautas. Isso porque, na última semana, a prefeitura local removeu as tradicionais luminárias japonesas da Rua dos Aflitos, situada no bairro da Liberdade.
A intervenção foi motivada por solicitações importantes de grupos ligados ao movimento negro. A Associação Amigos da Capela destacou que essa modificação é resultado de um empenho de seis anos e faz parte do projeto Ruas Abertas, buscando visibilidade para a Capela dos Aflitos, um patrimônio histórico tombado.
As luminárias foram substituídas por iluminação LED, enquanto o restante do bairro continua com os postes de estilo asiático.
Ao g1, a administração municipal explicou que essa mudança, ocorrida em 18 de novembro, foi realizada para "equilibrar o respeito às diferentes camadas históricas e culturais presentes no bairro" além de possibilitar que a "memória de cada grupo seja adequadamente representada".
A Rua dos Aflitos detém significativo valor simbólico para o movimento negro. Antes conhecida como Largo da Forca, era o local onde se realizavam execuções de escravizados fugitivos e outros condenados até o século XIX.
Próxima ao antigo Cemitério dos Aflitos, local de sepultamento de escravizados e marginalizados sociais, a rua é testemunha de um passado que não pode ser esquecido, resgatado por estudos arqueológicos que revelaram ossadas datadas entre os séculos XVIII e XIX.
Os esforços para estabelecer um memorial no local culminaram com a sanção de uma lei pelo então prefeito Bruno Covas em 2020, oficializando a criação do Memorial dos Aflitos.
Hubber Clemente, hoteleiro especializado em afroturismo e membro da Associação Amigos da Capela, disse à TV Globo que a remoção das luminárias japonesas não representa uma disputa entre as culturas negra e japonesa.
"Não é uma disputa entre os povos negros e a cultura japonesa, as duas podem se conversar sem problema algum em relação a esse território. O que a gente não deseja é um apagamento de uma em detrimento a outra", disse ele.