Em novo documentário, a Netflix detalha as intensas buscas após quatro crianças desaparecerem após uma tragédia aérea
No ano passado, um caso extraordinário envolvendo quatro crianças indígenas do sudeste da Colômbia chamou atenção ao redor do mundo. Lesly, Soleiny, Tien Noriel e Cristin Neriman Mucutuy sobreviveram 40 dias em condições adversas na densa floresta amazônica, após um acidente aéreo que resultou na trágica morte de sua mãe e outros dois adultos a bordo.
O incidente ocorreu em 1º de maio, quando o avião, que saiu de Araracuara com destino a San Jose del Guaviare, caiu. Em meio à tragédia, a história desses jovens tornou-se símbolo de resistência e sobrevivência.
A história agora ganha vida no documentário "As Crianças Perdidas", disponível na plataforma de streaming Netflix. A produção inclui imagens das operações de busca e depoimentos emocionantes de familiares e integrantes da missão de resgate.
Após uma operação intensiva, conduzida pelo exército colombiano com o apoio das comunidades indígenas locais, as crianças foram finalmente encontradas e levadas para uma base militar em Bogotá, no dia 10 de junho de 2023. As buscas mobilizaram centenas de pessoas por toda a Colômbia, tornando-se uma missão histórica.
Um fato que chama atenção no caso é que as criançasfugiram ao ouvir os gritos dos militares durante as buscas, conforme revelou Fidencio Valencia, avô das crianças. Elas variavam entre 1 e 13 anos e se escondiam instintivamente entre troncos de árvores ou corriam assustadas com a presença dos cães farejadores.
Em diferentes ocasiões, os militares passaram a meros 20 metros dos jovens sem os perceber. Quando as crianças já estavam debilitadas e incapazes de se locomoverem sozinhas, é que foram finalmente localizadas.
"Eles ficaram com medo [dos gritos], além dos cachorros. Se escondiam nos troncos das árvores ou corriam", disse Fidencio à rádio colombiana Caracol.
Durante as buscas, em uma tentativa de tranquilizá-las, os militares até mesmo utilizaram megafones para reproduzir uma mensagem gravada pela avó dos irmãos. A mensagem foi transmitida tanto em espanhol quanto no idioma da etnia Uitoto solicitando que elas permanecessem onde estavam e não se afastassem mais.