Na época em que adaptações cinematográficas eram raras, diretor não parecia ciente da necessidade de autorizações legais para levar Drácula às telas
Quando FW Murnau lançou "Nosferatu: Uma Sinfonia de Horror" em 1922, ele talvez não imaginasse que sua obra redefiniria como vampiros seriam retratados no cinema.
Um século depois, Nosferatu é reverenciado como um dos maiores filmes de terror já feitos. O impacto do filme foi reafirmado recentemente com o remake aclamado pela crítica de Robert Eggers, que trouxe uma nova perspectiva ao icônico Conde Orlok.
Mas, a jornada de Nosferatu quase terminou antes mesmo de começar. Florence Stoker, viúva de Bram Stoker, autor de Drácula, moveu uma ação judicial contra Murnau, acusando-o de violação de direitos autorais, repercute o site Collider. Apesar disso, o filme sobreviveu, escapando do esquecimento e se tornando um marco no cinema de terror.
Em uma época em que adaptações cinematográficas ainda eram raras, Murnau não parecia ciente da necessidade de autorizações legais para levar Drácula às telas. Mesmo com os intertítulos alemães creditando o romance de Stoker como inspiração, Florence Stokerprocessou a produtora Prana Film.
Após uma batalha judicial de três anos, a produtora foi declarada falida e os negativos do filme foram entregues para destruição.
No entanto, cópias de Nosferatu circularam internacionalmente, garantindo sua sobrevivência. Essas cópias, embora incompletas, permitiram a restauração e a perpetuação do legado do filme.
Nosferatu trouxe inovações significativas ao mito do vampiro. Diferente de Drácula, onde o sol apenas enfraquecia o vampiro, Murnau transformou a luz solar em uma força fatal. Essa adaptação, fruto do contexto histórico e da ascensão da peste bubônica, tornou-se uma característica central em representações futuras de vampiros.
Max Schreck, interpretando o Conde Orlok, criou uma figura aterrorizante com sua aparência cadavérica e gestos inquietantes. Essa visão de vampirismo influenciou não apenas o cinema, mas também a literatura e outras formas de arte.
Ao longo do tempo, Nosferatu inspirou diversas adaptações e homenagens. Werner Herzog, em 1979, e Robert Eggers, em 2024, deram suas próprias interpretações ao clássico.
Herzog manteve a fidelidade ao romance original de Stoker, enquanto Eggers ampliou o impacto sobrenatural de Orlok, explorando temas de decadência, doença e tragédia humana.
Outras produções, como Shadow of the Vampire e adaptações de Salem's Lot, de Stephen King, também beberam da estética e narrativa introduzidas por Nosferatu.
Hoje, Nosferatu é reconhecido como o primeiro filme cult. Sua inclusão no domínio público em 2019 solidificou seu lugar na história do cinema, permitindo que novas gerações de cineastas fossem influenciadas por sua estética única e atmosfera de horror.
Florence Stoker tentou destruir a obra de Murnau, mas, ironicamente, sua ação judicial apenas reforçou a mística em torno do filme.
Robert Eggers, um dos muitos cineastas inspirados por Nosferatu, resume bem o impacto da obra: "O filme original de Murnau acendeu meu desejo de ser um cineasta", disse ao Collider.
Assim, Nosferatu continua vivo, como o próprio Conde Orlok, perpetuando sua influência no imaginário cultural e na narrativa cinematográfica.