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Matérias / Arte

Apolo e Dafne: O trágico mito na arte

Uma das representações mais impactantes do mito foi feita no século 17, em tamanho real, pelo artista barroco italiano Gian Lorenzo Bernini

Izabel Duva Rapoport Publicado em 06/07/2024, às 09h00 - Atualizado em 08/07/2024, às 09h49

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Escultura de Dafne e Apolo por Bernini - Alvesgaspar via Wikimedia Commons
Escultura de Dafne e Apolo por Bernini - Alvesgaspar via Wikimedia Commons

Infelizmente esta não é uma história de amor. Ao escrever Metamorfoses, o poeta romano da Antiguidade, Ovídio, fez do mito uma tragédia de abuso e perseguição.

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Na lenda instigante, Apolo, deus do sol, das artes, da medicina e profecia, entre os mais belos e influentes de Olimpo, se apaixona por Dafne, filha do deus-rio Peneu, uma das ninfas mais bonitas e encantadoras da floresta, devota à deusa Ártemis e contrária à ideia do casamento — algo que desagradava ao pai, que a achava bela demais para nunca se casar.

Apolo, arrogante e prepotente com toda a sua habilidade no arco e flecha, provoca Cupido, que, em revanche, lança uma flecha de ouro em Apolo, atraindo o amor, e outra de chumbo em Dafne que, por sua vez, afasta o sentimento.

Completamente obcecado pela ninfa, o deus grego passou a importuná-la sem nenhum pudor. "'É por amor que te persigo! Espere, ninfa, filha de Peneu, eu te imploro!', grita Apolo. Mas Dafne nem olha para trás", descreveu Ovídio.

Depois de tanto fugir do homem, a mulher, privada de suas vontades, pediu ajuda ao pai para que ele destruísse sua própria beleza ou até sua vida (ao que parece, numa tentativa de se livrar não só da obsessão masculina, mas também de um possível sentimento de culpa).

O pedido foi aceito e, assim que Apolo a alcançou, Dafne começou a se transformar em um nobre loureiro, com seus braços virando galhos, o cabelo, folhas, e seus pés, raízes.

O desespero da ninfa neste momento é retratado com preciosidade pelo artista barroco italiano, Gian Lorenzo Bernini, e seu aluno Giuliano Finelli, entre 1622 e 1625. Feita para o cardeal Scipione Borghese, de mármore em tamanho real, a escultura é uma das mais valiosas obras da Galleria Borghese, em Roma.

Escultura de Dafne e Apolo por Bernini - Architas via Wikimedia Commons

Ao observá-la de frente, é possível ver a expressão dos dois personagens. Enquanto Dafne transmite medo, Apolo revela um ar de conquista. Porém, ao caminhar para um outro ângulo da escultura, é possível enxergar um certo desespero em Apolo perdendo seu grande amor — que, na mesma perspectiva, já não se vê mais. Dafne, enfim, foi silenciada.

Gian Lorenzo Bernini

Arquiteto, urbanista, pintor e escultor, Gian Lorenzo Bernini (1598-1680) entrou para a História como um dos pioneiros da arte barroca. Projetou edifícios seculares, igrejas, capelas e praças públicas, além de obras como O Rapto de Proserpina e David — feitas pouco antes de Apolo e Dafne.

Entre os feitos arquitetônicos mais marcantes do artista está o Baldaquino da Basílica São Pedro, no Vaticano, a cúpula sustentada por quatro colunas retorcidas no altar central. Construída entre 1624 e 1633, com quase 30 metros de altura, de bronze dourado, foi uma encomenda de Maffeo Barberini, eleito em 1623 como Papa Urbano VIII, o maior patrono na vida do mestre escultor.