George Gascón reavalia condenação de Lyle e Erik Menendez, que alegam ter matado os pais em legítima defesa após anos de abusos sexuais
Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 18/10/2024, às 17h49
Os irmãos Lyle e Erik Menendez, condenados à prisão perpétua pelo assassinato dos pais, Jose e Kitty Menendez, em 1989, podem ter uma nova chance.
O promotor público do Condado de Los Angeles, George Gascón, sugeriu que a dupla não mereceu a pena máxima, abrindo a possibilidade de liberdade após décadas atrás das grades.
Dada a totalidade das circunstâncias, não acho que eles mereçam ficar na prisão até morrerem", admitiu George Gascón, no programa IMPACT x Nightline.
A reviravolta no caso, impulsionada pela série documental da Netflix 'Monstros - Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais', se deve à apresentação de novas evidências que apontam para anos de abusos sexuais sofridos pelos irmãos por parte do pai.
A acusação de abuso sexual contra Jose, feita pelo ex-membro do Menudo, Roy Rosselló, e uma carta escrita por Erik nove meses antes do crime, detalhando os abusos, fortaleceram a defesa dos irmãos.
+ Irmãos Menendez: A carta que chama atenção no caso de Lyle e Erik
Os advogados dos Menendez argumentam que seus clientes agiram em legítima defesa e que a sociedade possui hoje uma compreensão mais profunda sobre os impactos do abuso sexual, o que poderia levar a um julgamento com um resultado diferente.
O promotor Gascón, por sua vez, destacou a "obrigação moral e ética" de reavaliar o caso diante das novas evidências e da evolução do entendimento sobre violência sexual. Ele afirmou estar "mantendo a mente aberta" e que uma decisão final sobre o caso pode ser tomada nos próximos dias:
"Se houve evidências que não foram apresentadas ao tribunal naquele momento [do julgamento], e se essas evidências tivessem sido apresentadas, talvez o júri tivesse chegado a uma conclusão diferente", destacou.
A possibilidade de liberdade para os irmãos Menendez gerou grande debate na sociedade americana. Enquanto alguns defendem que eles devem pagar por seus crimes, outros acreditam que as novas evidências e a compreensão atual sobre abuso sexual justificam uma revisão da sentença.
"Nos anos desde a condenação deles, a compreensão da sociedade sobre abuso sexual cresceu significativamente. No caso deles, se fosse julgado hoje, as evidências do abuso do pai não apenas seriam admitidas no tribunal, mas também forneceriam um contexto essencial para o motivo pelo qual eles agiram como agiram", disse à imprensa Joan Andersen VanderMolenm, irmã de Kitty.
Uma nova audiência do caso está marcada para 26 de novembro, quando o futuro de Lyle e Erik Menendez será decidido.
