Os fragmentos de pedras encontrados se assemelham por seus rabiscos caóticos e, segundo os pesquisadores, podem ser uma forma de arte de 15 mil anos atrás
Arqueólogos da Universidade de Newcastle e do Museu de História Natural examinara pedras que foram encontradas entre 2014 e 2018, em Les Varines, na ilha de Jersey — uma dependência britânica autônoma —, e acredita-se que tenham sido feitas por um grupo de caçadores que viviam na ilha há cerca de 15 mil anos atrás, durante a última Idade do Gelo.
Embora as gravuras nas pedras pareçam uma série de "arranhões" aleatórios, após uma análise cuidadosa, os especialistas revelaram que os cortes foram feitos de maneira planejada, no qual pôde se identificar uma ordem no ofício, descobrindo que as linhas retas eram feitas primeiro e as linhas mais profundas e curvas eram feitas por último.
As gravuras também podem significar uma forma de desenho: “Não é só uma mesa que usavam para cortar carne, por exemplo. Em alguns casos, as linhas curvas parecem representar exemplos incipientes do dorso de um cavalo ou da boca de um cavalo, ou em alguns casos o perfil de um elefante. Eles são muito, muito simples - não muito óbvios", afirmou a doutora Silvia Bello, do Museu de História Natural de Londres, primeira autora da pesquisa.
A equipe de pesquisadores revelou à revista Plos One que as pedras foram encontradas ao lado de ferramentas feitas de sílex, um tipo de rocha, e entre lareiras e lajes de granito.
Acredita-se que foram feitas durante o período Magdaleniano, uma era de cerca de 20.000 á 13.000 anos atrás, que se caracteriza pelo momento em que a arte começou a chamar atenção e se tornar um ofício comum entre os humanos na Europa Ocidental. A cultura Magdaleniana também é conhecida por formas de arte que incluem desenhos de ossos e chifres, que se assemelham com a arte rupestre.
Bello declarou ainda que os objetivos de se produzir arte mudaram ao longo do tempo, “para nós arte é algo que colocamos na parede, é algo que podemos admirar. Para eles, é mais provável que o ato de produzir a gravura fosse significativo ”, disse ela, destacando que o processo de produção da arte teria mais importância para eles do que o resultado final.
Ela chegou a essa conclusão devido as evidências de que as linhas rabiscadas não eram fáceis de se ver e as placas eram descartadas após o término.
Paul Pettitt, professor de arqueologia paleolítica na Durham University, disse que embora a datação das plaquetas seja imprecisa, os objetos expandem o conhecimento a respeito do que as pessoas daquela época faziam quando se reuniam em torno das fogueiras do acampamento.
Ele ainda declara que as gravuras não seriam consideradas "arte" em nosso significado contemporâneo, mas que com certeza "é cultura visual, embora passageira e vaga.”