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Notícias / Astronomia

Oceano subterrâneo de lua de Saturno pode sustentar vida, segundo estudo

Novo estudo sugere que Titã, a maior lua de Saturno, pode sustentar vida em escala miscroscópica em oceano subterrâneo; entenda!

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 10/04/2025, às 11h42

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Titã, maior lua de Saturno - Domínio Público
Titã, maior lua de Saturno - Domínio Público

Em um novo estudo, cientistas da Universidade do Arizona e de Harvard, nos Estados Unidos sugerem que a maior lua de Saturno, Titã, pode esconder um ambiente subterrâneo propício à manutenção de vida. A pesquisa foi divulgada na última segunda-feira, 7, em um artigo publicado na revista científica The Planetary Science Journal.

Considerada a segunda maior lua do Sistema Solar — atrás apenas de Ganimedes, que orbita Júpiter —, Titã se destaca não apenas por seu tamanho, mas também por apresentar uma atmosfera espessa, abundante em metano e outras substâncias compostas de hidrogênio e carbono. Sua superfície é recoberta por rios e lagos de metano e etano líquidos, além de uma camada de gelo, devido às suas baixíssimas temperaturas.

No entanto, embora essas características pareçam típicas de um ambiente inóspito, há bastante tempo Titã é alvo de estudo, depois que moléculas orgânicas complexas e essenciais à vida foram ali descobertas. Astrônomos acreditam que essa lua seja um dos ambientes mais promissores do Sistema Solar, fora a Terra, por sua atmosfera rica em nitrogênio, parecida com a de nosso planeta.

Além disso, conforme repercute a Revista Galileu, este é o único corpo celeste conhecido, até o momento, que possui líquidos em sua superfície, com rios, lagos e oceanos. Por isso, se especula que o ambiente possa ser palco de desenvolvimento de vida, e muitos estudos sobre a lua, e como poderia se desenvolver vida ali, são feitos.

Agora, os pesquisadores descobriram que o oceano subterrâneo de Titã, a uma profundidade de cerca de 480 quilômetros sob sua camada de gelo, pode abrigar organismos que se alimentam de matéria orgânica. Porém, esses organismos seriam apenas vida microscópica, visto que o ambiente só pode suportar alguns quilos de biomassa total.

Para o estudo, os pesquisadores realizaram uma modelagem bioenergética da lua, baseando-se no processo químico de fermentação — reação que depende exclusivamente de moléculas orgânicas, sem necessidade de oxigênio. Vale mencionar que na Terra a vida pode ter surgido justamente consumindo moléculas orgânicas remanescentes do período de formação do planeta, ainda sem oxigênio.

"Nós perguntamos, micróbios semelhantes poderiam existir em Titã?", explicou em comunicadoAntonin Affholder, um dos autores do estudo. "Se sim, qual o potencial do oceano subterrâneo de Titã para uma biosfera alimentando-se do inventário aparentemente vasto de moléculas orgânicas abióticas sintetizadas na atmosfera de Titã, acumulando-se em sua superfície e presentes no núcleo?"

A partir dessa questão, os pesquisadores focaram na glicina, uma molécula orgânica que é considerada um dos aminoácidos mais simples, e relativamente abundante em qualquer tipo de matéria primordial do Sistema Solar. Ela já foi identificada em diferentes corpos celestes, incluindo asteroides e cometas.

Então, simulações indicaram que, por mais que a matéria orgânica identificada em Titã possa ser alimento para micróbios, apenas parte dela seria utilizável para este propósito, visto que seria necessário um fornecimento contínuo de glicina no oceano — o que não é possível devido à espessa cobertura de gelo.

O suprimento finito de glicina que ali existiria, porém, pode se relacionar ao impacto de meteoros na lua, que poderiam criar poças de água líquida que, ao se infiltrarem no gelo, poderiam levar materiais da superfície até o oceano subterrâneo.

"Nosso novo estudo mostra que esse suprimento pode ser suficiente apenas para sustentar uma população muito pequena de micróbios, pesando no máximo alguns quilos — o equivalente à massa de um cachorro pequeno", explica Affholder.

Exploração de Titã

A NASA deve explorar Titã com a missão do helicóptero Dragonfly, que é planejado ser lançado somente em 2028, para chegar lá em 2034. A agência pretende sobrevoar dezenas de áreas promissoras para a vida na lua, buscando indícios de processos químicos prebióticos em comum com a Terra primitiva, antes do surgimento de vida.

Por isso, a investigação recente é necessária, para que sejam descobertos novos dados que direcionem as futuras análises em torno de Titã. Os pesquisadores acreditam que, caso exista vida na lua, pode ser extremamente desafiador encontrá-la, a não ser que o potencial biológico esteja em algum lugar distinto de sua composição inicial.

"Concluímos que o inventário orgânico excepcionalmente rico de Titã pode não estar disponível para desempenhar o papel na habitabilidade da lua na medida em que se poderia intuitivamente pensar", descreve Affholder, por fim.