O navio Western Reserve, que afundou nas águas próximas a Whitefish Point, no estado de Michigan, EUA, foi finalmente encontrado
Uma forte tempestade, ocorrida no ano de 1892, foi responsável pelo naufrágio do navio Western Reserve, que se partiu e afundou nas águas próximas a Whitefish Point, no estado de Michigan, Estados Unidos. Na tragédia, dos 27 tripulantes a bordo, apenas um sobreviveu.
Durante mais de um século, os destroços da embarcação permaneceram desaparecidos, até que, com o auxílio de um veículo subaquático operado remotamente e tecnologias modernas, pesquisadores da Great Lakes Shipwreck Historical Society (GLSHS) anunciaram a descoberta dos restos do navio. O achado foi divulgado em um comunicado oficial na última segunda-feira, 10.
Segundo informações do portal Galileu, o Western Reserve era considerado um marco da engenharia naval da época, sendo um dos primeiros navios da região totalmente construídos em aço.
Com cerca de 100 metros de comprimento, a embarcação era tida como extremamente segura. Pertencia ao milionário e renomado magnata da navegação, Capitão Peter Minch, que viajava a bordo com sua esposa, dois filhos pequenos, a cunhada e a sobrinha. A família seguia rumo a Two Harbors, em Minnesota, para uma visita de verão.
A viagem transcorria sem incidentes até a chegada a Whitefish Point, área conhecida pelos numerosos naufrágios registrados ao longo da história. Preocupado com as condições climáticas, o capitão decidiu lançar âncora para aguardar a melhora do tempo. Contudo, ao retomar a navegação em direção ao Lago Superior, o Western Reserve foi surpreendido por uma tempestade violenta, que comprometeu a estrutura do navio. A embarcação começou a se romper até afundar.
A tripulação ainda tentou escapar utilizando os botes salva-vidas, mas as condições climáticas severas, combinadas à falta de sinalizadores, dificultaram os resgates. O único sobrevivente foi o motorista Harry W. Stewart, que conseguiu alcançar a costa.
“Cada naufrágio tem sua própria história, mas alguns são muito mais trágicos”, comentou Bruce Lynn, diretor executivo da GLSHS. “É difícil imaginar que o capitão Peter G. Minch teria previsto qualquer problema quando convidou sua esposa, seus dois filhos pequenos e a cunhada com sua filha para um cruzeiro de verão pelos lagos. Isso só reforça o quão perigosos os Grandes Lagos podem ser... em qualquer época do ano.”
O naufrágio ficou conhecido tanto pela alta letalidade quanto pelo mistério em torno do paradeiro dos destroços. Na tentativa de solucionar o enigma, pesquisadores da GLSHS utilizaram um sonar de varredura lateral — equipamento que emite pulsos acústicos para mapear o fundo do lago —, além de veículos subaquáticos operados remotamente. Após dois anos de buscas, localizaram o navio a cerca de 96 quilômetros da costa, a noroeste de Whitefish Point.
“O topo do navio tinha escotilhas de carga e parecia que estava quebrado em dois, uma metade em cima da outra”, explicou Darryl Ertel, diretor de operações marítimas da missão. “Cada metade foi medida com a varredura lateral. Vimos seu comprimento e medimos a largura; e, então, sabíamos que havíamos encontrado o Western Reserve.”
Segundo o jornal USA Today, o sino do navio foi encontrado intacto, e diversos detalhes da embarcação, como a pintura original, ainda são visíveis. Também foi localizada uma lanterna, que coincide com a única peça que havia sido anteriormente recuperada do naufrágio — outra lanterna semelhante. Esses itens estão atualmente em exposição no Museu Nacional dos Grandes Lagos, em Ohio.
Na época do acidente, muitos especialistas atribuíram a tragédia à fragilidade do aço utilizado na construção do navio, uma vez que o Western Reserve era considerado uma embarcação de última geração, projetada para resistir a ventos fortes e grandes ondas. Curiosamente, o navio “irmão” do Western Reserve, o W.H. Gilcher, também naufragou apenas dois meses depois.