Museu dedicado ao poeta romancista George Gordon Byron será inaugurado no Palazzo Guiccioli, onde ele viveu romance com esposa do aristocrata proprietário
Publicado em 25/11/2024, às 11h00
Ainda neste mês de novembro, um museu dedicado ao extravagante e talentoso poeta e satírico britânico George Gordon Byron, mais conhecido como Lord Byron, será inaugurado na Itália. O local funcionará no antigo Palazzo Guiccioli, localizada na província de Ravena, prédio em que o artista viveu um intenso romance com a esposa de um aristocrata — inclusive, proprietário do palácio —, e concluiu algumas de suas obras mais famosas.
A residência, localizada no coração da cidade, foi restaurada pela Fundação Cassa di Risparmio di Ravenna, e será inaugurada para visitação nesta sexta-feira, 29. Lá, os visitantes poderão não só conhecer os cômodos do Palazzo Guiccioli — onde Byron concluiu obras famosas como 'Don Juan', 'Sardanapalus', 'A Profecia de Dante' e 'Peregrinação de Childe Harold' —, como também ver provas de amor guardadas pela condessaTeresa Guiccioli, esposa do dono da propriedade,
Entre essas provações, segundo o The Guardian, estão cartas, joias, mechas do cabelo encaracolado do poeta e até mesmo fragmentos de sua pele queimada pelo sol. O museu também será parcialmente dedicado ao movimento italiano de unificação do século 19, o Risorgimento, graças às conexões entre Byron e os Carbonari, uma rede informal de sociedades revolucionárias secretas, extremamente importante para o processo de unificação da Itália.
A ideia é conectar três aspectos de quem Lord Byron foi – o poeta, o amante e a pessoa orientada para a liberdade", segundo um porta-voz do museu.
Vale mencionar ainda que, segundo a fundação, o museu será o único do mundo dedicado especificamente a Byron, e permitirá que experiências do poeta sejam revividas, para mostrar o que no país que inspirou o artista a concluir várias de suas obras.
Uma figura bastante extravagante e controversa, Lord Byron se envolveu com incontáveis homens e mulheres ao longo de sua vida. Acredita-se que ele tenha se relacionado com mais de 250 mulheres, e até mesmo teve uma filha com Claire Clairmont, meia-irmã de Mary Shelley, a autora do clássico Frankenstein. Até que, em 1816, ele fugiu da Inglaterra para a Europa continental, deixando para trás seus casos escandalosos e dívidas.
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Nesse tempo, viajou para a Bélgica e para a Suíça, antes de explorar a Itália. Primeiro, se estabeleceu em Vezena, depois foi para Roma e, em 1819, retornou para Veneza, onde conheceu a Condessa Teresa Guiccioli, que já era casada, em uma festa. Naquele mesmo ano, ele mudou-se para o Palazzo Guiccioli, propriedade do marido da condessa e que agora servirá como um museu em sua homenagem.
Lá, Byron recebeu visitas de amigos próximos, como Percy Bysshe Shelley — também um dos maiores poetas românticos ingleses e marido de Mary Shelley — e Thomas Moore, um escritor e poeta irlandês. Um detalhe importante é que, conforme descrito pela escritora britânica Caroline Lamb, com quem também teve um caso, Byron era "louco, mau e perigoso de se conhecer", sendo inclusive conhecido em Ravena como "o inglês louco".
Porém, "o amor por Teresa levou Byron a se transformar e, sem se tornar santo, mudou de vida", explica Antonio Patuelli, presidente da fundação, ao Guardian. Antes de se estabelecerem no Palazzo Guiccioli, o casal até pensou em fugir juntos, o que eles fizeram apenas em 1821, quando foram para Pisa.
Então, para se juntar aos insurgentes que lutavam na guerra de independência contra o Império Otomano, Byrondeixou a Itália e foi em direção à Grécia em 1823, deixando aquela que seria seu último grande amor. Ele morreu de febre em abril do ano seguinte, aos 36 anos, na cidade grega de Mesolóngi, e hoje está enterrado no jazigo de sua família em Nottinghamshire, na Inglaterra.