Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Brasil

Imagem de santa passa por ‘harmonização facial’ em restauração não autorizada

A intervenção na escultura do século 18 alterou suas feições tradicionais, suavizando sua expressão de sofrimento e adicionando traços

Redação Publicado em 08/04/2025, às 11h36

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Alterações na imagem de Nossa Senhora das Dores - Reprodução/TV Anhanguera
Alterações na imagem de Nossa Senhora das Dores - Reprodução/TV Anhanguera

A restauração da imagem de Nossa Senhora das Dores, localizada na Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Pirenópolis (GO), gerou polêmica entre fiéis e especialistas em conservação do patrimônio histórico.

A intervenção na escultura do século 18 alterou suas feições tradicionais, suavizando sua expressão de sofrimento e adicionando traços que foram comparados a uma "harmonização facial". A mudança motivou críticas e uma investigação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que não autorizou a intervenção.

Alterações

Reconhecida por seus traços delicados e expressão de dor, a imagem sofreu mudanças notáveis. As bochechas foram avermelhadas, os cílios delineados e a boca parece estar com batom.

Além disso, as lágrimas antes evidentes tornaram-se quase imperceptíveis, assim como as sombras que ressaltavam a expressão de sofrimento. As mãos, antes mais escuras, agora apresentam uma tonalidade mais clara e uniforme.

Nós observamos que mudou a cor da imagem. A técnica de pintura é diferente porque essas imagens antigas são pintadas com policromia, uma técnica que usa várias cores para dar tonalidades da pele, feição. E a pintura que tem lá é simples com tinta de uma cor só, isso mudou completamente os traços e características que ela tinha", explicou o devoto e jornalista Ronaldo Félix à TV Anhanguera. 

Em nota, o Iphan afirmou que a restauração foi feita sem acompanhamento técnico adequado e enviou um ofício à Diocese de Anápolis solicitando esclarecimentos em até 15 dias. Segundo Margareth de Lourdes Souza, chefe substituta do escritório do Iphan em Pirenópolis, a intervenção comprometeu a integridade histórica da peça.

A Diocese, por sua vez, informou ao g1 que colocará a imagem à disposição do Iphan para avaliação técnica e reforçou seu compromisso com a preservação do patrimônio histórico e religioso. Uma inspeção está marcada para esta terça-feira, 8, sob a responsabilidade da conservadora Vyrginia Corradi, que avaliará a situação e possíveis medidas de reparo.

A polêmica ocorre às vésperas da Sexta-feira Santa, quando a imagem de Nossa Senhora das Dores tradicionalmente participa de uma procissão pelas ruas da cidade. Para muitos fiéis, a descaracterização da escultura representa uma perda simbólica e cultural, afetando a conexão emocional com a figura religiosa.