Musk publicou um artigo no jornal alemão Welt am Sonntag, no qual defendeu um partido de extrema-direita contra acusações de radicalismo
O governo alemão acusou Elon Musk de tentar influenciar as eleições federais do país com repetidos apoios públicos ao partido de extrema-direita Alternative für Deutschland (AfD).
A porta-voz do governo, Christiane Hoffmann, declarou em uma coletiva de imprensa que Musk está claramente buscando impactar o cenário político alemão, embora reconheça o direito dele à liberdade de expressão. “A liberdade de opinião também abrange as maiores bobagens”, afirmou.
Musk, que frequentemente comenta sobre política alemã, intensificou sua retórica ao declarar no X (antigo Twitter) que “somente o AfD pode salvar a Alemanha”. Ele também compartilhou um vídeo da influenciadora de direita Naomi Seibt criticando Friedrich Merz, líder conservador favorito nas eleições, e elogiando o presidente argentino Javier Milei.
Além disso, Musk publicou um artigo no jornal alemão Welt am Sonntag, no qual defendeu o AfD contra acusações de radicalismo e elogiou suas propostas econômicas e fiscais. A publicação gerou indignação, levando Eva Marie Kogel, editora da seção de opinião do jornal, a renunciar em protesto.
A intervenção de Musk provocou duras críticas de políticos alemães. O ministro da saúde, Karl Lauterbach, chamou o ato de "indigno e altamente problemático". Friedrich Merz, do CDU/CSU, descreveu a interferência como “intrusiva e presunçosa” e comparou a situação a uma tentativa inédita de influência em uma democracia ocidental por parte de um aliado.
O cenário político na Alemanha está em ebulição após o colapso da coalizão liderada pelo chanceler Olaf Scholz, do SPD. Scholz convocou eleições gerais para fevereiro de 2025, sete meses antes do previsto. As pesquisas indicam que o SPD está atrás do bloco CDU/CSU, liderado por Merz, com o AfD ocupando o segundo lugar, com cerca de 19% das intenções de voto.
O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, também criticou as tentativas de influência externa nas eleições. Em um discurso anunciando a dissolução do parlamento, Steinmeier fez uma menção indireta a Musk, alertando contra “interferências flagrantes” no processo democrático.
O AfD, conhecido por suas posições anti-muçulmanas e anti-migração, vem tentando estreitar laços com aliados internacionais, incluindo o ex-presidente dos EUA Donald Trump. A co-líder do partido, Alice Weidel, foi uma das primeiras figuras estrangeiras a parabenizar Trump por sua vitória eleitoral.
Em resposta às acusações de extremismo, Musk defendeu o AfD, mencionando a “parceira do mesmo sexo de Weidel, do Sri Lanka”, como evidência de que o partido não seria “extremista de direita”.
Apesar do crescimento nas pesquisas, todos os partidos tradicionais descartaram formar coalizões com o AfD em nível federal ou estadual. Uma forte votação para o partido pode complicar a formação de uma maioria governante após as eleições.
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