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Notícias / Tigre-da-Tasmânia

Genoma mais completo do tigre-da-Tasmânia é montado a partir de cabeça de 110 anos

Genoma mais completo do tigre-da-Tasmânia até hoje pode possibilitar a ressuscitação dessa espécie extinta; entenda!

Redação Publicado em 17/10/2024, às 16h30

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Um crânio de tigre-da-Tasmânia - Colossal Biosciences
Um crânio de tigre-da-Tasmânia - Colossal Biosciences

Cientistas conseguiram montar o genoma mais completo do tigre-da-Tasmânia até hoje, a partir da cabeça conservada de um espécime de um século, oferecendo um modelo de DNA que pode possibilitar a ressuscitação dessa espécie extinta.

Essa conquista, que representa um dos vários avanços recentes nos esforços para a "desextinção" do tigre-da-Tasmânia liderados pela empresa Colossal Biosciences, foi viabilizada por uma cabeça com 110 anos de idade, que foi esfolada e preservada em etanol.

A excepcional conservação desse exemplar permitiu aos pesquisadores reconstruir grande parte de sua sequência de DNA, além de fragmentos de RNA — molécula estruturalmente semelhante ao DNA, mas composta por uma única fita — revelando quais genes estavam ativos em diferentes tecidos no momento da morte do animal.

Anteriormente, muitos especialistas consideravam impossível a reconstrução completa de um genoma a partir de amostras históricas. No entanto, Andrew Pask, professor de genética e biologia do desenvolvimento na Universidade de Melbourne, Austrália, cuja equipe participou da montagem do genoma do tigre-da-Tasmânia, afirmou que "é absolutamente possível obter um genoma fenomenal a partir de amostras antigas".

Tigre-da-Tasmânia

Os tigres-da-Tasmânia, ou tilacinos (Thylacinus cynocephalus), eram marsupiais carnívoros extintos em 1936 após décadas de perseguição humana. Esses predadores de topo desempenhavam um papel crucial em seu ecossistema na Tasmânia.

Segundo Pask, existe espaço para reintroduzir a espécie e há espécimes bem preservados em coleções de museus e centros de pesquisa ao redor do mundo, tornando a desextinção viável para esta espécie.

O genoma fornece o plano completo para desextinguir esta espécie, então tê-lo completo e com qualidade elevada é uma grande ajuda para esses esforços", destacou Pask, membro do conselho consultivo científico da Colossal.

O genoma montado recentemente é semelhante em tamanho ao humano, consistindo em 3 bilhões de pares de bases de nucleotídeos — as moléculas que formam os degraus da escada do DNA. Restam 45 lacunas na sequência genética, que os cientistas esperam fechar nos próximos meses com mais sequenciamento, conforme informou a Colossal à Live Science.

Os fragmentos de RNA encontrados na cabeça conservada permitirão aos pesquisadores identificar genes que estavam ativos em diferentes tecidos enquanto o tilacino estava vivo, auxiliando na compreensão das capacidades sensoriais e cerebrais do animal. O RNA é muito menos estável e mais suscetível a danos ao longo do tempo do que o DNA, portanto sua preservação "pode nos ajudar a entender a biologia do tilacino de uma forma que nunca imaginamos ser possível", afirmou Pask.

Além disso, a Colossal anunciou outro avanço em seu projeto de desextinção do tilacino que possui aplicações para a conservação de espécies vivas. Uma equipe de pesquisa trabalhando em tecnologias reprodutivas assistidas (TRA) encontrou uma maneira de induzir ovulação no dunnart-de-cauda-gorda (Sminthopsis crassicaudata) — um pequeno marsupial semelhante a um camundongo e o parente vivo mais próximo do tilacino.

A ovulação nesse marsupial produz vários óvulos simultaneamente nos quais os pesquisadores injetarão o genoma do tilacino assim que estiver finalizado. A empresa planeja também utilizar os dunnarts como mães substitutas para desenvolver embriões de tilacino.

A equipe está ainda desenvolvendo um dispositivo uterino artificial para cultivar embriões marsupiais. Pela primeira vez no mundo, esse dispositivo pode agora abrigar embriões desde o início até a metade da gestação.

"Todos esses são grandes avanços", disse Pask. "O desenvolvimento das TRA para marsupiais tem implicações significativas para a reprodução em cativeiro de marsupiais ameaçados — mas também está pavimentando o caminho para criarmos um tilacino vivo assim que tivermos as células editadas."