A descoberta apresenta outros embriões fossilizados juntos da mãe, e data de 47 milhões de anos atrás; entenda!
Recentemente, embriões foram encontrados dentro de uma cobra fossilizada, que viveu há cerca de 47 milhões de anos, no paleolago da Formação Messel, na Alemanha. O animal se trata de um exemplar da espécie Messelophis variatus, e foi registrado na edição do dia 5 de novembro da revista The Science of Nature.
A descoberta é a primeira já realizada relacionada à viviparidade — quando um embrião se desenvolve dentro do corpo da mãe — em cobras. Segundo Krister Smith, especialista do Museu de História Natural de Frankfurt e um dos autores do estudo, em comunicado, "a preservação de fósseis de eventos reprodutivos é geralmente muito rara", e isso, somado ao fato de a viviparidade em répteis ser relativamente incomum, faz da descoberta extremamente importante para os pesquisadores.
No total, apenas dois registros fósseis de répteis terrestres vivíparos foram descobertos até o momento", acrescenta Smith.
Medindo aproximadamente 50 centímetros de comprimento, a cobra-mãe pertenceu a uma família de espécies de répteis semelhantes às jiboias de hoje em dia — que chegam a até 3 metros em sua fase adulta. Porém, a maior surpresa não se deve por seu tamanho, mas sim pela sua característica reprodutiva de viviparidade.
Esse espécime, com cerca de 47 milhões de anos, nos surpreendeu: é uma fêmea grávida com pelo menos dois embriões encontrados no terço posterior da região do tronco", apontou Mariana Chuliver, principal autora do estudo, como informado pela Revista Galileu.
A surpresa também se deve pelo período ao qual a cobra pertence. A viviparidade é um traço que surgiu, no passado, em animais que viviam em climas mais frios, pois o calor corporal da mãe manteria os filhotes bem, o que inibia a necessidade de uma casca protetora, que seria o ovo; porém, o fóssil é datado do Eoceno, quando o clima da Terra era mais quente.
"Ao redor do Lago Messel, as temperaturas médias naquela época eram de cerca de 20 °C, e as temperaturas de inverno não caíram abaixo de zero. Porque as jiboias deram à luz filhotes vivos 47 milhões de anos atrás, apesar desse fato, ainda é desconhecido. Talvez fósseis adicionais deste local único nos ajudem a resolver esse mistério", aponta Krister Smith.
Além do mais, a conclusão de que o animal se tratava de uma espécie vivípara, e não que teria se alimentado dos animais encontrados em seu interior, também não é à toa. No início, se teorizou que as cobras menores poderiam ter sido predadas, mas elas estavam a uma boa distância do estômago — além de que teriam sido digeridas antes da fossilização.